Estragando seu Dia dos Namorados



Olá a todos. Não, eu não voltei de minhas férias, só vim por ocasião especial. Fui ao Acre com a Sellphir e achei interessantíssimos os ensinamentos de Hogwarts e desbravei os mistérios da Ilha de Lost e joguei truco com Sauron nas horas vagas. (A mortal me ensinou a jogar um dia desses, mas a gente parou. Ela sempre perdia e dizia que eu roubava demais. A culpa não é minha se o zape cola em minha mão com magnetismo.) Como lá não tem internet, voltei pra cá um pouco, sabe como é... A menina sentiu minha falta aqui. (ounão)


Então, hoje se comemora o dia dos namorados neste mundo. Grande coisa. Dia oficial de todo mundo sair se agarrando, dando presentes caros, dizendo futilmente que ama, procriando, dentre outras coisas.
Isso só me faz lembrar de minha viuvez e de quanto ser um viúvo imortal é um saco. Além de me lembrar muito minha falecida esposa.
Então, para estragar a alegria dos casaizinhos felizes (mais ou menos que nem a mortal que me ignora completamente quando está com aquele namorado dela) irei contar uma tristíssima historinha de amor que acabou em tragédia: a minha.
Claro, sem spoilers... Afinal essa historinha faz parte do enredo do terceiro livro... E claro que não irei estragar a surpresa.
Começou assim:
Era lá pros anos quinhentos e qualquer coisa da segunda era dos Cinco Impérios. Eu vivia minha tediosa vida imortal sem ambições maiores do que espancar meu irmãozinho e ganhar a guerra dele. Havia uma mulher que cuidava de meus livros do escritório, e arrumava toda a bagunça que eu sempre fazia.
Então a mulher adoeceu e morreu, pro meu desespero. Bem, quem ia limpar meus livros, hã?
Reclamei com a governanta e em dois dias ela me arrumou uma moça nova. Muito nova, aliás. A filha da falecida lá, cujo nome era Cecille.
Companheiros, ela tinha cinco anos de idade.
Claro que eu não podia deixar aquela criança trabalhar, afinal, mesmo em Raython naquela época ainda havia direitos humanos e... Tudo bem, não havia direitos humanos e crianças trabalhavam sim. Mas o fato foi que eu fiquei com dó da pequena e claro que a dispensei.
Mas ela era teimosa feito uma mula velha e começou a discutir comigo. Isso mesmo. A menina estava discutindo comigo dizendo que não podia ficar sem trabalhar porque o pai dela perdera metade do braço esquerdo em combate e ele não podia trabalhar. Então ela mesma deveria cuidar do sustento da família e disse que não ia pedir esmola, pois tinha orgulho demais pra isso.
A menina não tinha nem a altura de meu joelho e falou aquilo tudo comigo.
Por isso eu acabei gostando dela e deixei-a limpar meus livros, ou até onde ela alcançava. Começou a ficar divertido aquilo, porque ela não parecia ter medo de mim, e dizia o que pensava sobre tudo. Nossas conversas eram interessantes, e eu a ensinava a ler, e contava minhas histórias. Era uma ótima companhia aquela garotinha.  
Ela trabalhou ali por uns cinco anos. Depois aquela governanta transferiu-a de lugar e nem eu consegui mudá-la de volta, e eu era imperador daquela birosca!
Então veio mais uma velha trabalhar pra mim. Voltei à chatice normal, porque não tinha tempo pra sair atrás de criança pra bater papo.
Deu-se que a velha morreu de alguma coisa que não sabíamos o nome em Raython, mas descobri o que era aqui nesse mundo. Infarto. Então lá fui eu novamente procurar velha pra tirar poeira dos meus livros pra mim.
Quando a sala estava no estado deus-nos-acuda, apareceu uma moça de uns dezesseis anos, de seios muito fartos, corpo de ampulheta, lindos olhos verde-esmeralda e cabelos cor de mel que lhe escorriam em leves cachos pelos ombros.  E quando ela disse um “Há quanto tempo, my Lord!” eu juro que deixei o queixo cair e disse: “Você não é Cecille!” e acrescentei para meus três espíritos: “Aonde você arrumou esses peitos?!”
Resultado: não deu três meses e eu estava irrevogável, intrínseca, completa, idiota e absolutamente apaixonado por ela.
Ela continuava boca-dura, falando o que queria quando queria, me xingando pelo tinteiro que eu sempre derrubava quando procurava um ângulo melhor pra ver o traseiro dela, e conversando amenamente comigo. Mas agora parecia ter mais medo, não sei de que.
Aquilo estava me afetando, ela era gostosa linda demais.
Até Youko percebeu que eu estava variando.
A ponto de eu mesmo emporcalhar meu recinto de trabalho para que Cecille fosse lá mais vezes por semana.
Um belo dia em que eu não consegui segurar meus ânimos, acabei dando um daqueles beijos luxuriosos que vocês conhecem bem (acham que sou besta?) nela. Foi pior.
Pior porque 1) Eu gostei demais.
2) Ela parece não ter gostado e não me deu um tapa, mas sim um belo murro na minha boca.
3) Ela disse ainda que não era para eu tratá-la como uma vagabunda e
4) Eu tive que usar dos meus poderes de Imperador pra fazê-la voltar a trabalhar no castelo.
Acabou que nos distanciamos depois disso, mesmo com ela ainda limpando meus livros, e eu completamente louco por ela, pelos cabelos, o perfume, os olhos, os peitos, tudinho. Eu a queria pra mim, e tão-somente.
Um dia qualquer aí depois de um tempo indefinido, Cecille chega totalmente irritada virando a pá, xingando até o vento. Achei que era a típica TPM, mas mesmo assim eu perguntei.
Ela disse que o pai dela resolveu a casá-la assim da noite pro dia com um general meu, o Shelter. E pior, disse que ela ia se casar no dia seguinte, e que ela estava noiva há uns quatro meses, e ninguém falou isso pra ela.
Pena para os noivos que Shelter foi requerido numa das mais sangrentas batalhas da guerra contra Ethernia perto de Forte Zephirus, e morreu tragicamente por um raio que o acertou em cheio enquanto brandia sua espada de ferro fundido.
Poucos, pouquíssimos sabem que quem mandou o raio não foi Thor/Odin/Zeus/São Pedro/Pikachu/Similares.
Então, Youko e Julius, meu espírito preferido, me aconselharam a pedir a mão dela formalmente não sair agarrando-a de qualquer jeito.
Claro que primeiro eu me desculpei a ela, pedi perdão, me declarei, etc. Depois eu perguntei a ela se queria se casar comigo, e... E... Ela aceitou!! Quase fiz uma dancinha da vitória. Quase.
Então Youko me disse algo como Mas porra, Phyreon, você vai casar com a empregada? Acho que suas alianças políticas não vão gostar disso...
Então eu respondi algo como este império é meu, a vida é minha, e eu faço o que bem entender. E quero que esses reis e suas filhas mimadas, metidas e acima de tudo magrelas e horrorosas vão à merda e nada neste mundo vai me fazer voltar atrás com minha decisão suprema de me casar com Cecille, porque... – suspirei, tomando fôlego – Eu a amo. – Acrescentei, em alto e bom som. Sim, eu era muito estúpido.
Então eu me casei num dia comum de chuva, fui pra lua-de-mel e voltei satisfeitíssimo, um tempo se passou, Cecille veio com a biribinha atômica de que estava grávida, eu enlouqueci, surtei e derivados, nasceu Elektra, e se foram mais cinco anos, mais ou menos.
Agora vem a parte extremamente triste.
Darei a vós dez segundos para buscarem toalhas de papel.
Pronto?
Então, começou basicamente com um sonho. Sonhei que EU matara Cecille com a espada que forjei pro meu novo Primeiro-general, Won. Aquilo corroeu minha mente por meses. Eu sempre sonhava com aquilo, sempre. Fiquei ligeiramente desesperado. Não. Fiquei completamente desesperado.
Depois, Cecille começou a desmaiar. Primeiro leves perdas de consciência, depois mais fortes e mais fortes. Meses depois ela começou a sair de si, a delirar. Era tudo muito confuso, e eu não sabia o que ela tinha apesar de tanto esforço.
Eu não queria perdê-la. Não. Cecille não.
Não adiantou muito, e ela me pediu com todas suas forças que eu mesmo a livrasse de seu sofrimento. Como Won estava lá, eu resolvi cumprir a profecia de meu sonho horrendo.
Meu esforço para chorar foi demasiado que acabei ferindo meus olhos e derramando lágrimas de sangue, as quais ainda saem caso me sensibilize. Ali, caríssimos, eu me tornei isso que conhecem. Ali, eu tive minha morte em vida.
*pausa para as toalhas de papel*
Então, gostaram? Não, espero. Porque eu não gosto de me lembrar dessas coisas. Claro que está vago e claro que há um motivo por trás da morte de minha esposa. Mas isso é coisa de Profecia, onde haverá detalhes mais ricos.
Para terminar a melancolia do momento, escutem My Immortal do Evanescence. A mortal disse que combina com essa triste história, e eu devo concordar.
Espero ter acabado com o seu lindo dia dos namorados.
Att, Phyreon Thrower.

5 comentários:

  1. obrigaado Phyreon.. agora eu sei que não sou a única a sentir essa aversão pelo dia dos namorados u_u
    (mas só pq estou solteira mesmo) huahuaauhahauh

    ResponderExcluir
  2. pois é. Y.Y
    eu choro ouvindo my immortal por causa desse velho.

    ResponderExcluir
  3. Tadinho do Phyreon.. =/

    PS: My Immortal é lindo. Ela toca na sua alma cara! Pode chegar muitas e muitas músicas na minha vida, mas essa vai ser a melhor de todas. Sempre. ♥
    Mas nesse dia dos namorados, além de passar sem internet (aquela maldita ¬¬) me agarrei a Desvanecer e me acabei de escutar I'm With You! SIM! Foi ocupado o meu dia.. Ç_Ç

    ResponderExcluir