Crônicas de Chumbo #1

Azphelumbra!!


Bem, hoje é quinta, então... Temos coluna mensal \o/
Primeiro capítulo das Crônicas, espero que gostem. =D







F I R S T    B U L L E T
Vince & Nick


            Então, ele sacou sua Ruger .44 Blackhawk e descarregou-a no homem que ousara seqüestrá-la. Soltou-a de suas amarras e retirou a mordaça de sua boca.
         A garota baixinha e loura, com grossos cachos, abraçou-o com força. Ah, como o abraço dela era bom... O perfume de seus cabelos... Jasmim...
         Então ele soltou-a e pôs a mão esquerda em seu rosto. Acariciou-o.
         — Amanda... Eu sempre te amei.
         Ela sorriu, e ficou com as bochechas lindamente vermelhas.
         — Oh, Vincent... Eu... Eu também!
         Nisso, ele se abaixou para tocar seus lábios nos dela, e se aproximava... Mais e mais...

         — VINCEEEEEEEEEEEE!!!
         Vincent Heisenberg levantou-se num pulo. Tudo escuro. A uns metros, uma fresta de luz abaixo de uma porta.
         — NICK, SEU FILHO DA PUTA, NÃO GRITA NO MEU OUVIDO! – gritou Vincent.
         — É que nós já chegamos e você ta aí sonhando com a Amy! – a voz de Nick soou pelo vagão.
         — Não estou sonhando com a Amy. – Vincent tentou enganá-lo.
         — Ah, não... – Nick abriu a porta do vagão, cegando os olhos de Vince com a claridade. – Então me explique você falando dormindo ‘Amanda, eu sempre te amei...’
         — Eu nem falo dormindo. – Disse Vince, corando.
         — Ah não... Sei... Ouve seu primo aqui... E admita, por esses seus cachinhos vermelhos, que ama a Amy.
         — Claro que não! E meu cabelo não é cacheado! – Vociferou Vincent, se levantando.
         Ele pegou suas coisas e saiu. Amarrou os cabelos vermelhos de comprimento médio e ondas nas pontas. Nick pegou sua Lupara e pôs nos ombros, pulando do vagão.
         — Onde estamos mesmo? – Vince olhou a paisagem desconhecida.
         — Não foge do assunto, Vince. Olha, a Amy é uma baita duma gostosa, você escolheu bem... Tá, ela não desenvolveu direito ainda, mas ela vai crescer bastante... E tipo, cara, ela é toda gentil e delicadinha e ela suporta minha irmã! É a mulher perfeita!
         — ONDE ESTAMOS, NICHOLAS? – Vince gritou.
         — Em Phall! Já esqueceu? A pedra!
         Vince Head Shot e Nick Twelve Gauge. Os mercenários juvenis mais famosos de toda Grayfield.
         Vincent Heisenberg tinha quinze anos. Era da altura normal para sua idade, e crescia em velocidade rápida. Olhos azul escuro, pele rosada, cabelo vermelho-sangue... Um típico Heisenberg. Exceto pelos cachos nas pontas dos cabelos. Tais cachos eram provenientes de sua mãe, Elizabeth Lewis. Vince não gostava que falassem de seus cachos, e era só cortar o cabelo para resolver o problema, mas ele gostava muito de sua mãe, e sabia que ela amava as ondas no cabelo do filho, única característica dela nele.
         Vince se parecia muito mais com a mãe do que com o pai, mas pelo menos uma coisa ele herdou bem: Tiros precisos, perfeitos. E desenvolveu uma particularidade útil. Só atirava na cabeça. Economizava balas e lhe rendia um título.  Começou com um fazendeiro num canto, depois foi só espalhando. Agora ficou. Vince Head Shot. Ele gostava do apelido.
         Percebe-se que ele é apaixonado por uma menina de treze anos e meio chamada Amanda. Ela mora na casa, melhor, castelo dos Heisenberg. Ela cuida de Alice, a irmã mais nova de Nick, e tem uma forte amizade com ela. Por isso, Amanda sempre está por perto, e sempre Vince trava quando pretende dizer o que sente por ela. E ela parece corresponder ao sentimento, mas Vince nunca percebeu isso. Na verdade, sequer desconfiava.
         Nicholas Mathielsen Heisenberg é o filho mais velho de Marie-Claire Heisenberg e Stanley Mathielsen. Depois de uns tiros trocados, Marie ordenou que o último nome dos filhos fosse o seu e não o do marido, alegando a continuidade da família. Nick era como a mãe: escandaloso, desmiolado e só pensa em seu filhote de dragão-de-comodo chamado Haroldo. Tinha doze anos, era bem mais baixo que Vince e o comum cabelo vermelho espetado para todos os lados. Nick ganhou o título de Twelve Gauge por causa de sua Lupara, que faz muito estrago. Ele anda muito com o primo, e os dois parecem mais irmãos. Agora ele quer juntar Amy e Vince.
         A dupla cuida das missões abaixo de rank B que os Heisenberg, família de mercenários ao qual pertencem, recebe. Porém, não vai demorar a eles passarem para os ranks superiores.
         — Uma pedra, é? Hm, agora eu lembrei. Naquela mansão lá... Que dizem se amaldiçoada... – Vince pôs a mão no queixo, pensando.
         — Isso mesmo. – Nick assentiu.
         Continuaram a andar em direção a tal mansão.
         Grayfield é um país não muito rico, mas não tão pobre. Há o de sempre: políticos corruptos, padres pedófilos, oligarquias, lei do mais forte. Mercenários e funerárias são o ramo que dá mais lucro, além dos cassinos e bordéis. Agora que A Trindade foi morta pelo pai de Vincent e seus planos foram sufocados, os meio-magos estão todos à solta, cometendo deslizes um atrás do outro.
         Um desses meio-magos descuidados acabou liberando uma horda imensa de demônios e seres asquerosos em geral há dois anos. Com isso, as famílias de mercenários tradicionais (Heisenberg e Vaughan) triplicaram sua fortuna apenas com contratos para dar cabo de tais monstros.
         A dita mansão foi onde tudo começou. E essa pedra é um dos ingredientes da magia que pode matar todos os demônios de uma vez só.
         Eles passaram pelo centro da vila decadente, cruzando com bêbados, mendigos, mães brigando com os filhos, vendedores. Vince estava sério, e Nick sorria, parecendo um sádico com seu cabelo bagunçado e o réptil nos ombros. O gosto por dragões-de-comodo vem de sua mãe, Marie-Claire. Ela tinha um, adulto, chamado Floppy. Ela o tratava como um gato.
         Eles entraram na mansão, com pessoas atrás deles rezando por suas almas, se lamentando pelas crianças, implorando para que não fossem.
         Eles ignoraram todos.
         A casa era escura, sombria, macabra. Cheirava a algo podre misturado com mofo e poeira. Os móveis estavam todos destruídos, e havia uma gosma estranha pra todo lado, além de crânios humanos, ossos e outros restos. Os garotos não se incomodaram; estavam acostumados a coisas piores.
         — Parece vazio, Vince.
         — Ótimo. A pedra está no último quarto do seg--
         Um rugido abafou a voz de Vince. Depois um disparo. Nick atirou no bicho antes que ele engolisse o primo.
         Vince então sacou sua Ruger Blackhawk e os dois mataram cerca de doze demônios antes de continuarem.
         A dois metros da escada, Vince sentiu um golpe vindo de sua direita, que o mandou direto na parede do outro lado. O mesmo aconteceu com Nick.
         Levantou-se, gemendo de dor. Olhou para frente e viu o pior de todos os demônios.
         — Rachel?! – Vince pronunciou o nome dela, surpreso.
         — Não, é a Tia Beatriz. – A voz dela dava medo ao homem mais corajoso.
         Rachel Iron Fist. Filha de Lincoln Vaughan e Angel Rademaker. Ela era seis meses mais nova que Vince. Cabelos prateados, presos num rabo-de-cavalo no alto da cabeça. Dessa forma, as pontas dele iam aos joelhos dela. Luvas grossas nas mãos, vestido curto, apertado, que não evidenciava nada, ela não tinha curvas definidas ou seios fartos. Mas o que dava a ela sua aparência assustadora eram os olhos.
         Eram heterocromáticos. O da direita era azul, o outro, verde.
Vince odiava vê-la. Não gostava da rivalidade entre os Heisenberg e os Vaughan, achava aquilo fútil, idiota, antiquado. Mas nunca ousou emitir sua opinião quanto a isso.
As duas famílias são rivais desde quando o céu é azul. Eles não tem concorrência quanto aos contratos, afinal, são de distritos diferentes e a demanda é muito grande. Mas sempre há encontros assim, e sempre há conflito.
  Houve um tempo em que havia guerra entre eles, do tipo morte e vingança. A última foi quando o pai de Vince se vingou do avô de Rachel, que havia assassinado o Tio Thomas.  Vincent não conheceu nenhum deles, tanto Vaughan quanto o tio. Isso foi antes de seu nascimento, e pertence à outra história.
— Nick, consegue andar? – Vincent perguntou ao primo, se levantando.
— HAROLDOOOOOOOOOO!!! CADÊ VOCÊÊÊÊ!! – Nick pulava de um lado pra outro.
— NICK! Deixa o bicho pra lá e vai pegar a pedra! Eu cuido da Rachel! – Vincent olhava para a menina.
— NÃO SEM O HAROLDOOOOOOOO!!! – Nick chorou.
Rachel deu uma risada diabólica.
— vocês também querem a pedra? Então é de quem pegar primeiro.
Vince pegou sua Ruger e atirou sem piedade em Rachel, que desviou de todos os disparos.
— Haroldo!! Você ta bem? Ta? Me diga! – Nick apanhou o réptil do chão e o abraçou, como se fosse um bicho de pelúcia, totalmente alheio à briga de Vince.
Rachel correu até Vincent e ia lhe dar um soco com suas luvas encantadas. Mas Vince se desviou no último instante e ela afundou a mão na parede.
— Vai, Nick! – Vincent gritou, e ele obedeceu. Ao vê-lo no andar de cima, virou-se para Rachel: – Ei, você ta mais forte, olhar colorido.
— Claro que sim, cachinhos vermelhos. – ela conseguiu retirar a mão da parede, e com isso, ela esmurrou o chão e uma fenda se abriu. Se Vince não tivesse pulado, ia cair em uma vala de cinco metros de profundidade.
— Ei, você está forte demais. Da última vez você nem conseguia quebrar um tijolo...
Rachel riu.
— Sabe o que houve? – disse, num tom desdenhoso: – meu poder mágico despertou e minha mãe me ensinou uns truques. Surpreso, é? Porque o neto da última maga de sangue puro de Grayfield ainda não despertou?
Vince ficou mais sério. Rachel cutucou sua ferida. Magia.
Os magos de sangue puro foram todos mortos, com exceção de Claire Mont’Alverne (agora Claire Heisenberg), avó de Vincent. John, seu pai, também é mago, e sua mãe, Elizabeth, também. Mas mesmo assim, Vince ainda não sabia magia. Não sentia nada. Nunca sentiu, em quinze anos. Sua mãe explicara que as coisas variavam de pessoa pra pessoa, e podia demorar para despertar, ou não. Mas lhe deu a certeza de que tinha sangue mágico. Não precisava se preocupar com isso, e John nem gosta que o filho saiba dessas coisas, prefere ele atirando a lançando fogo pelas mãos.
Mas Vince sempre se preocupava.
— Cala a boca, Rachel. – ele disse, seco.
— E por quê? Porque eu sou mais forte que você, Heisenberg? Saiba que nós, Vaughans, somos muito mais nobres que vocês, animais carniceiros... – ela cuspiu.
— É melhor se calar, Rachel...
— Não. Você não manda em mim, animal.
Rachel não viu Vincent sumir no ar e aparecer logo atrás de si, lhe dando uma coronhada na nuca. Rachel desmaiou e Vince deitou-a ali mesmo.
Subiu as escadas a dois degraus por vez, e viu Nick sendo lançado para fora de um quarto, batendo na parede com um baque surdo. Ele levantou, sacudiu a cabeça, tirou Haroldo de dentro de seu casaco e deixou-o no chão. Disse ao réptil:
— Fica aqui, viu? Ta perigoso lá dentro... – olhou para o lado. – Olá, Vince! O bicho é grande, viu. Nós dois juntos devemos dar conta. O olho dele que é sensível. Já estourei um. – Nick colocou duas balas calibre doze na Lupara. – E cuidado com o rabo!
Entrando no quarto, Vince viu. Três de altura por dois de largura. Chifres, rabo, um dos olhos sangrando... Outros buracos de bala. Nick foi para a direita e Vince para a esquerda. O monstro foi atrás de Nick e com isso, deu as costas para Vince, que correu e escalou-o. segurou nos chifres dele para não cair, e tentava atirar no crânio, mas a criatura se sacudia completamente.
Por fim, colocou o cano da Ruger em algo que só podia ser o ouvido da criatura e atirou uma vez. A bala varou do outro lado, levando muita meleca preta.
Nick então atirou no outro olho do monstro.
— EI! CUIDADO COM ESSE CHUMBO SEU! EU AINDA ESTOU AQUI! – gritou Vince, sabendo que os chumbinhos da Lupara se esparrodavam e podiam muito bem pegá-lo.
— Oh, desculpe, Vince! Te acertei? – Nick não parecia preocupado.
— Não! – Vince percebeu que a criatura ainda estava viva, e lhe deu mais dois tiros. Então, caiu, tremendo o assoalho.
— Hm... Preciso treinar mais então. – Nick resmungou.
— Que disse, pivete? – Vince limpou as mãos cheias de meleca na roupa, e se aproximou do primo.
— Nada não. – Nick riu.
— Eu ouvi, sabia?
— Aham. E aí? – Nick se apoiou na arma.
— Aí o que? – Vince o encarou.
— Vai pegar a pedra, oras.
— E onde ela está? – Vince olhou os lados.
Nick apontou o indicador para a criatura morta no chão, que escorria meleca preta em vazão grande.
— Ele engoliu. – Nick disse, no mesmo tom que alguém diz “Hoje está um lindo dia.”
Vince olhou pra trás.
— E você não quer que eu...
— Você já ta cheio de meleca, Vince.  – Nick deu um tapinha no ombro do primo, passando por ele. – e a Rachel? Você desmaiou ela? Eu a vigio enquanto você abre o bicho. Tem uma faca? – Nick já estava na porta, pegando Haroldo.
— NI-CHO-LAS!
***
Vincent pegou a pedra, numa experiência traumatizante, e eles deixaram Rachel num hotel, ainda desmaiada. Depois, saíram do vilarejo em direção à próxima missão em Phall.
Vincent ficou devaneando entre magia, intestino de demônio e Amanda, durante toda a viagem.





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e então, gostaram? Digam, onegai!
A comunidade deles é essa aqui, entrem e vejam coisas a mais, que eu não acho que vou postar aqui, pra não bagunçar, ok?

2 comentários:

  1. KKK
    Pois é, Vince, meus pesames por ficar coberto de meleca de monstro =P
    Rachel = não gostei dela...
    E Nick é beeeem esperto xD já saiu de fininho deixando o pior pro primo xD
    E gostei do Dragão-de-Komodo chamado Haroldo. Quero um também! *-*

    Abraços!

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