Crônicas de Chumbo #8

Azphelumbra! =3

Então, mais Leaden Chronicles...



Resuminho:

Vince, Nick e Amanda estão enfrentando problemas em Shallvy. Bestas from hell ilharam todas as pessoas da cidade, e agora eles simplesmente não sabem o que fazer... Até agora. Amanda está se sentindo fraca e inútil (talvez porque seja mesmo né) e as gêmeas Nicolle e Serena parecem dispostas a ajudar em algo. Mas isso realmente vai prestar?








E I G H T H    B U L L E T
O brilho da lâmina


Vincent empurrou a porta e ela rangeu ao abrir. Viu os cabelos bagunçados de Icaro, que velava o sono pesado do pai. Ele não se mexeu.
Vince puxou uma cadeira e deu uma bela olhada em seu tio. Muitas partes estavam enfaixadas, mas ele parecia bem. Oswald Lewis era um homem muito forte e precisaria bem mais que algumas bestas para matá-lo.
Um longo e cortante silêncio se passou ali, e com alguma dificuldade, Icaro se posicionou melhor na cadeira e disse:
— Achei que tinha despachado sua namorada.
— Era disso que eu queria falar. Alguma coisa destruiu cem metros de cada ferrovia que sai da capital. Todos os barcos do cais afundaram e nenhum zepellin que saiu da cidade voltou. E saíram todos eles. – Vince disse, azedo.
Icaro o encarou. Vince pôde ver as bolsas negras da insônia sob seus olhos claros.
— Mas que merda… o que tá acontecendo nessa cidade? – perguntou, incrédulo.
— É o que eu mais quero saber. Essas coisas, as bestas, são irracionais, e seria muito azar junto se portais se abrissem exatamente em cima dos trilhos. – Vincent ponderou.
— Está querendo dizer que alguém isolou a cidade. Um humano completamente pirado. – Icaro umedeceu os lábios.
— E mais. Acho que ele mesmo está abrindo esses portais. Eles não abrem do nada, não que eu saiba.
— É. Meu pai disse isso. – Icaro esfregou os olhos.
— Vá dormir.
— Não.
— Merda, Icaro. Seu pai está bem, não vê?
— Eu não posso sair daqui.
— Mas vai. – Vince o encarou.
— Por que iria? – Icaro exaltou a voz.
Vincent assentiu, lendo a expressão dele.
— Sim, você pensou nisso. Assim que percebeu que não há nenhum homem feito aqui para proteger as meninas e que eu, você e Nick não damos conta disso sozinhos.
Icaro mordeu o lábio inferior.
— É, eu pensei. Com sorte eu acho ele na cidade. Com muita sorte.
— Como assim? – Vince franziu o cenho.
— Qual é, Vince. Lucas tem uns vinte e três anos, cara. ele casou com uma ruiva e tem uma casa no centro, mas nem sei se eles moram lá mais. Você sabe… Lucas virou mercenário, e pai não gostou disso. Aí temos menos contato com ele. Menos até que com você. – ele se levantou.
Os Lewis odeiam mercenários por certos incidentes envolvendo os Heisenberg. Seria uma grande traição algum membro da família aderir a tal profissão.
— Hey, não vai sozinho. Leva o Nick.
— Dois homens? Arriscado, não?
— Nick é meio homem. E as gêmeas são poderosas.
— Você deveria pegar aulas com elas. – Icaro disse acidamente e saiu do quarto.

***

Amanda ergueu a kodachi que Serena – ou Nicolle, ela não sabia – lhe deu.
— É pesada. – disse ao empunhar a lâmina.
— Claro que não. – A gêmea da fita azul claro lhe disse.
— Essa é mais leve que a cerimonial lá da sala, a que você matou as bestas. – Completou aquela da fita azul escuro.
Amanda as olhou, intrigada.
— Mesmo?
As duas assentiram.
— Adrenalina dá força aos músculos, menina. Por isso você conseguiu empunhar a cerimonial. – Serena disse.
— Olha só, nós estamos te poupando de um monte de merda teórica, então não reclame. E sua postura está cheia de aberturas. É assim.
Amanda via o que Nicolle fazia e repetia, com perfeição. Ela aprendia tudo muito rápido, e queria ser útil de algum modo.
— E por que isso está embainhado? – Amy perguntou finalmente.
As gêmeas se encararam.
— Olha só – Nicolle começou.
— O certo seria
— Usar espadas de madeira
— Mas não temos tempo pra isso
— Nem espadas.
— Daí, para a matadora de besta
— Não nos matar, é melhor treinar
— Com a kodachi embainhada. – As duas finalizaram em coro.
Amanda tinha muito medo delas quando falavam assim.
— Vá lá. Tá vendo aqueça tora de madeira? – Serena apontou.
Amanda viu a madeira agredida a poucos metros de onde estava. Ela não foi a primeira a usar aquilo em treinos.
— Vi.
— Acostume-se com o peso da espada. Fique ali até que sinta que o braço e a lâmina são uma coisa só. – Serena disse dramaticamente
— Ou até desmaiar de cansaço, o que vier primeiro. – e sua irmã completou.
Amanda pensou seriamente em como seria desmaiar de cansaço. Depois deu de ombros e deu um passo em direção ao tronco.
— Ah, sim. – lembrou Serena.
— Você tem um par de calças?
— Ou um vestido mais curto?
— Porque esse saiotão aí diminui muito
— A velocidade
— E atrapalha os movimentos
— E pode te matar.
Elas diziam isso como se morrer fosse tão comum quanto tomar café da manhã.
— Não uso calças. – ela respondeu como que em lamento por isso. Fazia parte da cultura do distrito em que nascera. – E eu só tenho vestidos assim. Os que eu trouxe de Thanyto são mais pesados ainda.
As gêmeas se olharam.
— Thanyto é muito mais frio que aqui. – Nicolle disse à irmã.
— Mas eu não vou…
— Não, não vamos. – elas disseram em coro.
— Corte algum vestido. – Nicolle olhou Amanda. – até aqui. – Nicolle riscou a perna de Amanda a dois palmos acima do joelho. Amy agradeceu pela bainha, ou então estaria com um belo corte.
— Mas… não é… curto demais? – ela arqueou as sobrancelhas, pensando no caso de Vincent visse-a assim.
— Não. – disseram elas em coro. – acho que você vai prezar mais pelas sua vida do que por algum homem ver sua calcinha. – continuaram em coro.
Amy teve uma arrepio e assentiu.
— Certo, eu corto.
Ela continuou até o tronco e começou a golpear a esmo, sem graça ou equilíbrio.
— Ni, acho que devíamos ter dado alguma aula teórica. Pelo menos respiração.
— Talvez. Olha só, parece um serial killer.
— Você acha que Vince vai ficar puto quando ver isso? – Serena olhou a irmã, que sorriu.
— Tenho certeza que vai. E pode ter certeza que não é com a gente que ele vai brigar.
— Ni, você não presta.
— Não sou nada sem você, Sê.
Elas voltaram a olhar Amanda e seu “treino”.

***

Vincent ficou com o tio por um longo tempo. Então sua tia Christina chegou, e ele resolveu sair dali.
— Viu as meninas? – perguntou, antes de se retirar. Queria saber onde Amanda estava.
— Não, Vince. Mas acho que elas estão no quintal.
Vincent franziu o cenho.
— As três?
— Sim, as três. Vi sua namorada conversando com Nicolle e Serena mais cedo.
Pela sua experiência com aquelas duas, Vince sabia que não era boa coisa.
— Amanda não é minha namorada. – disse, fechando a porta.
Christina sorriu.
Ele desceu as escadas e passou pela cozinha. Tudo estava limpo. Ninguém poderia imaginar o que houve na noite anterior, exceto os que estavam lá pra ver.
Vince passou como um raio e foi pra fora.
A vinte metros, Nicolle tocou a irmã, chamando a atenção dela.
Vincent olhou, e se aproximou, incrédulo. Chegou a tempo de ver Amanda rasgar quase a metade do vestido, revelando pernas pálidas e torneadas.
E por fim, ele viu as mãos dela vermelhas pelo esforço.
— Amanda, o que você pensa que está fazendo?
As gêmeas se entreolharam.
Amanda, ainda de costas, não ficou nervosa, nem com medo de Vincent.
Ela s virou com um sorriso torto nos lábios finos.
— Eu estou aprendendo a me defender, e se você não quer me ensinar, eu encontro alguém disposto. – ela disse, de uma forma que Vince não reconheceu. E não gostou. Ela parecia amargurada e com muita raiva dele.
Vincent nunca pensou que Amanda seria capaz de sentir raiva de algo, ou pior, sentir raiva dele.
Olhou-a por longos segundos antes de responder.
— Amanda, eu garanto que Serena e Nicolle não são confiáveis para qualquer coisa. Você não as conhece. – ele murmurou.
— É, eu não conheço. – Amanda pousou a ponta da kodachi no chão. – Mas caso não saiba, Vincent, Shallvy está infestada de bestas e eu não posso e não quero fugir. Então estou sem escolhas. Se me dá licença então… – Amanda se virou.
— Não. – Vincent pegou-a pelo ombro, fazendo-a olhar para ele. Então, ele falou tão baixo que nem as gêmeas ouviram: – Desculpe se eu não acreditei no seu potencial ou qualquer coisa assim. Eu só quero te manter longe disso tudo, não é… coisa para uma menina doce como você. – Vince viu as bochechas dela avermelharem-se. Continuou: – mas… se você quer tanto isso, saiba que eu não concordo. E infelizmente não temos escolhas mesmo. Eu só não quero você perto daquelas duas, e muito menos com elas armadas.
— Por quê?
— Elas podem… – Vincent hesitou. “te matar”, queria acrescentar. – Ah, depois eu conto, é muita coisa.
Então, Vincent exaltou a voz, para que as duas irmãs o ouvissem bem:
— Você vai treinar comigo, Amanda. E isso não é um pedido.
Os olhos azuis claros dela cintilaram levemente.
— Isso é sério, Vince?
Vincent suspirou.
— Claro que é. E pode largar essa kodachi, você tem que aprender teoria primeiro.
Vincent tomou-a pela mão, de maneira um tanto rude, e quase arrastou-a pra dentro. Antes de entrarem, ele lançou um olhar significativo para as gêmeas. Este olhar dizia claramente “fiquem longe dela”.
Nicolle e Serena assistiram a tudo quietas. Previram outro desfecho, que pouco tinha a ver com aquele.
— Parece que nosso tiro saiu pela culatra, Sê.
— É… Tem um plano B? Nós temos que brincar com eles um pouco.
— Sim, claro que sim… E você sabe, eu sempre quis Vincent pra mim. – Nicolle olhou a irmã.
— Mas Ni, éramos crianças da última vez que o vimos. Ainda tem certeza disso? Ele não parece que vai ficar igual o pai dele, aquele… – ela suspirou –… aquele tudão. Sem falar na matadora de besta.
— Dane-se ela, Serena. Sabe que ela não é problema, não pra mim. Sabe que se eu estalar um dedo, ela morre. E sabe que eu não hesitaria em fazer isso. – Nicolle disse de um jeito mórbido comum.
— Claro que sei. Mas matá-la não vai ter graça. E ainda tem essa coisa com o pai. E Aryon. Vamos ter tempo?
— Não sei. Vamos dar um jeito nisso.

***

— Mas que tipo de teoria isso poderia ter, Vince? – Amanda franziu o cenho.
Vincent empurrou a pesada mesa com certa facilidade.
— Algumas besteiras. Que depois ficam úteis…
Eles foram para a biblioteca do casarão. Ampla, bem iluminada e bela. Amanda só não entendeu por que ele trancou a porta.
— Sente-se aí em posição de lótus.
Amanda vez uma expressão indecifrável, e seu rosto avermelhou.
— Assim… – Vincent se sentou.
— Eu sei como é… mas é que… – ela fitou as pernas alvas e o vestido rasgado.
Vincent levou algum tempo para entender.
— Ah, tá. O vestido. Ãhm… pode ir trocar por um maior, se quiser… as meninas te falaram que roupas muito folgadas atrapalham né? Certas elas estão, mas você não vai precisar disso agora, certo? – ele sorriu, e se levantou. – enquanto isso, eu pego uns livros.
Quando Amanda voltou, Vince olhava um livro enorme e com letras estranhas. Eram riscos sem sentido para Amanda, escritos na vertical.
— Vince. – ela disse, suavemente.
Ele tirou os olhos do livro.
— Pode se sentar, Amy.
— Me desculpe.
Ele piscou.
— Eu agi feito uma menina birrenta com aquela coisa toda de não querer sair daqui. Desculpe. Comigo aqui vai ser só mais um civil que você tem que proteger.
Vincent balançou a cabeça negativamente.
— Não vai ser mais, Amy. Vou confiar em você. Vou te ensinar a se proteger. E eu espero que aprenda, certo? Mas ouça. – Vincent apontou um dedo para ela – depois disso, eu não quero saber de você com uma espada ou uma arma, entendeu?
Ela abaixou a cabeça.
— Certo, entendi.
Seu sonho de mercenária Heisenberg acabara de voar para bem longe.
Ela se acomodou no carpete.
— Bem… tem todo o treinamento de meditação e respiração e concentração. Mas antes, vou falar das espadas.
Amanda prestava atenção em demasia. Queria aprender absolutamente tudo. E de preferência, sem reparar no quanto Vincent ficava encantador explicando as coisas.
Depois das espadas, Vincent lhe ensinou técnicas de concentração simples. Depois de três horas aplicando o que lhe era passado, Amanda era capaz de andar por toda a sala com os olhos vendados e não esbarrar em nenhum dos obstáculos que Vincent colocava aleatoriamente.
— Agora você tem que me encontrar, hã? Sem trombadas acidentais. Só seguindo meus passos, minha voz, essas coisas. – ele lhe disse, divertido. Aquilo realmente parecia brincadeira.
— Certo. – Amanda ainda estava com vendas.
Depois de quatro tentativas, ela viu que não seria fácil. Vincent se movia muito rápido, e ela nunca chegava a tempo de tocá-lo. Com um alvo móvel, a coisa era diferente.
Vince estava gostando, mas não deveria prolongar aquilo. Ainda deveria fazer algumas coisas. Então, ele pegou uma peça em Amanda, se deslocando rapidamente e confundindo-a.
A colisão foi iminente.
Vincent segurou-a pelos ombros, para que ela não caísse.
— Perdeu. – ele disse, rindo.
— Mas isso não vale, senhor teleporte! – Amanda tirou a venda dos olhos e piscou forte. Depois enrubesceu ao perceber que estava bem perto dele.
— Então, fim de treino por hoje. – Vincent se forçou a olhar a janela.
— Mas já?
— Mas já. Eu ainda tenho que fazer umas pesquisas aqui.
— Ah… – Amy umedeceu os lábios e olhou pra baixo. Depois abraçou Vincent pela cintura.
Era a segunda vez naquele dia. Vince se sentiu sortudo, apesar das circunstâncias.
— Obrigada. – ela lhe disse. Logo depois ergueu os olhos claros.
— Não… há de que. – ele murmurou, se sentindo estúpido por não ter resposta melhor.
Ele só queria saber por que suas pernas estavam bambas. Ele conhecia Amanda há tanto, tanto tempo. Por que se sentir inseguro assim? Por que não se declarar de uma vez?
Ele só queria beijá-la. Só uma única vez. Era tão difícil assim?
Então ele a abraçou de volta, abaixando um pouco. E em seguida, lhe beijou a face rosada, longamente.
— Quero que se cuide, por favor. – sussurrou – eu me preocupo com você, sabe. Me preocupo muito.
Ele roçou a ponta do nariz pela face dela, até tocar seu nariz  suavemente.
Agora estava perto demais para voltar atrás.
— Hey, Vince, chegam- merda. – Nicholas fechou a porta tão rápido e subitamente quanto a abriu. Ainda bateria a cabeça na parede cem vezes para se redimir do que acabara de impedir. Não teria ficado tão atordoado se não quisesse juntar aqueles dois há algum tempo.
“Agora você já acabou com tudo, inútil”. – Vince pensou enquanto grunhia um impropério. Soltou Amanda e foi até a porta. Abriu-a.
— Nicholas! – gritou, e Amanda viu ele sacar sua arma.
Mas ela estava congelada ali, alienada e alheia a tudo.
Ou estava sonhando, ou Vincent ia lhe beijar.

***

Amanda saiu do seu torpor quando ouviu uma barulheira no andar de baixo. Desceu as escadas e foi até a sala. A família Lewis estava toda ali, junto com Vince e Nick. E havia mais dois que Amanda não conhecia.
Era um Lewis, facilmente reconhecido pelo cabelo de mel e os olhos de cristal.
E era lindo. Alto e musculoso, cabelos curtos e olhar alegre. Pele levemente bronzeada e um sorriso encantador. E bem mais velho.
Ao seu lado, estava uma mulher ruiva. A diferença entre ruivos e Heisenbergs é clara: O cabelo dela era laranja-escuro, liso e de comprimento médio, preso num rabo de cavalo. Ela era clara e tinha muitas sardas no rosto. Seus cílios e sobrancelhas eram laranjados. Tinha olhos verdes e ágeis. Era baixa, de seios fartos e curvas acentuadas.
Mas não foi isso que chamou a atenção de Amanda.
A mulher usava calças e corpete de couro e trazia algo nas costas que ela conhecia bem: Um rifle sniper de última geração. Aliás, não era só o rifle. Havia malas no chão. Malas cheias de armamento e munição.
Amanda saiu do seu transe quando o Lewis chegou perto dela.
— Hey, acho que não te conheço, moça. Você que é a namorada do Vince?
“Talvez, numa realidade paralela…”
— Não, eu… sou só uma civil. Amanda. Prazer.
— Lucas Lewis. Traidor da família e mercenário em tempo integral. Prazer em conhecê-la, Amanda. – ele sorriu.





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Não reclamem, esse capítulo foi grande u__u

2 comentários:

  1. Tá, não vou reclamar, MAS COMO ASSIM O MEU NICK É SÓ MEIO HOMEM, HEIN VINCENT????!!! Deu um medo das gêmeas agora...

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  2. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
    HALF MAN! HALF MAN! HALF MAN! HALF MAN! HALF MAN! HALF MAN! HALF MAN! HALF MAN! HALF MAN! HALF MAN! HALF MAN! HALF MAN! HALF MAN! HALF MAN! HALF MAN! HALF MAN! HALF MAN! HALF MAN! HALF MAN!

    game of Thrones season 2. ep 9, Blackwater

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