[Concurso de Fanfics] Isabelle, de Paula Quintela




YEEEEEEEEEEEEEEEAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Começou, cambada!


Primeiro, umas considerações:
- Recebi só 3 contos =/ Bem, melhor que nada. Menos concorrência.
- Dei 3 meses pra vocês seus tratantes, estou com raiva u____________________u
- Ano que vem tem mais. Ano que vem. ANO QUE VEM. Mas se quiserem mandar fanfics assim mesmo, mandem que elas já vão valer pro concurso do ano que vem =D


Então, agora, o primeiro que chegou pra mim foi o da Paula. Lá vem ele:






Isabelle




Isabelle não acordou como normalmente naquele dia, já que além de acordar de noite, como seu sono de pedra nunca a deixava fazer, acordou, também, suando frio. Que sonho estranho, pensou. Se é que ela podia chamar aquilo de sonho. Levantou-se ainda sem estar completamente desperta. Onde estaria seu irmão?
Saiu vagando pelos corredores até avistar leves cachos ruivos a sua frente. Ela não lembrava que o irmão era tão alto. Se aproximou do garoto lentamente, ele observava uma menina loira, linda.
- O que está fazendo? - Sussurrou para não assusta-lo.
O que não adiantou muito já que o garoto saltou a sua frente com a interrupção bruta que recebeu da garota. Ela estava certa, seu irmão não era alto daquele jeito.
- Quem é você? - Isabelle estava quase em estado de choque.
- Quem é você?!
- Eu perguntei primeiro garoto!
- Eu sou Raphael Maurer.
- Não creio garot--
- Pare de me chamar de garoto, criança!
Isabelle suspirou.
- Meu nome é Isabelle Maurer, e não conheço você.
- Que tipo de brincadeira é essa hein?! - Ele estava claramente irritado.
- Nenhuma - Isabelle estava cansada e confusa, sentou-se - Olha, eu também não estou entendendo nada, o.k.? Então não se estresse, senta ai.
Para sua surpresa, ele lhe obedeceu. Ela era só uma criança e ele, um cara estranho, desconhecido, quase adulto.
Suspiro.
- De onde você é? - Isabelle perguntou.
- Daqui mesmo, e você?
- Idem. Quem é a garota loira? - Falou apontando com a cabeça para a porta do quarto.
- A Imperatriz Windy, não a conhece? Como pode ser daqui?
- Isso é loucura - Ela sussurrava para se mesmo, mas não conseguiu responder as perguntas do intruso, pois foi vencida pelo cansaço e adormeceu nos ombros do estranho.
Acordou atordoada, seu irmão estava na cama ao lado dessa vez, suspirou pesadamente. Alucinações. Só podia ser isso. Vinha acontecendo essas coisas estranhas desde que foi picada por aquela maldita cobra. E agora ela tem malditas alucinações, o que quer dizer que não é só quando ela está dormindo. Como ela sabia? Simples. Um garoto alto, de cabelos rubros e olhos azuis, estava encostado perto da porta.
Outro suspiro.
- O que você quer?
- Eu vou tentar mata-la, sabia? - Ele parecia indiferente.
- Matar quem?
- Windy.
- Por quê?
- Ela não me ama.
- E por que está me contando isso?
Ele riu. Como podia rir?
- Você precisa avisa-la - Deu um sorriso torto.
- A quem?
Ela permanecia calma.
- Isabelle.

++++++
Isabelle, foi a sua última palavra antes de desaparecer. Claro que não foi ele quem desapareceu, a ilusão que simplesmente acabou. Isso era o que ela pensava. Se ela tivesse tido tempo o máximo que falaria é “Ei! Eu sou Isabelle! Como quer que eu fale pra mim o que você já está falando?”, mas já era tarde. Mesmo achando o garoto louco, correção, ela mesma louca, Isabelle sentia que precisava impedir a morte da garota que não existia. Qual era seu nome mesmo?
Olhou para o lado, Phelipe ainda dormia sereno, levantou-se e foi fazer sua higiene matinal. Decidiu não acordar o irmão, ele merecia descansar depois de ficar acordado por uma semana ensinando a ela tudo que ela perdeu enquanto estava doente. Os Maurer não eram uma família pobre, muito pelo contrário, sua linhagem servia a Imperatriz há tanto tempo que nem os livros mais antigos da biblioteca se lembram.
Isabelle estava treinando para substituir sua tia quando esta não fosse mais capaz de ser o braço direito da Imperatriz. Ela e seu irmão tinham aulas todos os dias depois das três. Mas ainda era cedo de mais para ela se preocupar com isso, o que definitivamente ela não estava fazendo. Ela estava preocupada com a garota loira, sabia que isso podia não ser culpa da cobra. Naquela época seus familiares contavam que uma vez houve de um portador do nome Maurer ter visões. E a ideia de que ela poderia ter visões a assustava.
Mas aquilo que ela teve não era exatamente uma visão. Não. Não era uma visão. Então podia não ser ela. Podia ser o garoto, Raphael, o possuidor de dons sobrenaturais. Talvez ele pudesse mandar mensagens para o passado e para o futuro. Mas se era um plano dele, por que razão ele impediria que acontecesse? “Ela não me ama”, a frase ressoou na mente da, também ruiva, Isabelle. Então ele a amava, por isso queria ser impedido, não queria realmente mata-la.
Isabelle sentou-se a uma pequena bancada de madeira negra, sabia que sua memória não era confiável, pegou um papel e uma pena e começou a escrever o primeiro de alguns bilhetes para si mesma.
“Querida Isabelle.
Hoje à noite tive estranhas alucinações, um garoto chamado Raphael veio me avisar que irá cometer um assassinato, eu não o conheço, mas sinto que diz a verdade. Eu não consigo me lembrar do nome da vítima, mas se não me falhe a memória ela tem uma posição importante no castelo.
Isabelle”
Suspirou. Estava cansada, ainda não se sentia completamente curada do veneno da cobra e o problema com as visões deixavam sua mente exausta. Outro suspiro. Ela não podia deixar aquele bilhete onde qualquer um pudesse ver. Se não ela seria taxada de louca, que nem sua mãe. Nenhum lugar do quarto parecia confiável para Isabelle, e talvez nenhum lugar do quarto fosse realmente confiável.
Por alguma razão desconhecida ela incendiou o bilhete e colocou-o em sua caixa de joias, que um dia foi de sua mãe. Abriu o fundo dela e espalhou as cinzas por ali, as escondendo bem.
- Bom dia... – Seu irmão murmurou atrás dela, fazendo com que ela quase caísse da cadeira.
Mas Phelipe estava sonolento de mais para reparar em alguma coisa e foi tomar um banho. Isabelle suspirou. Sorte, pensou, talvez um pequeno instante de sorte depois de duas semanas de azar. Mas ela não gostava disso, da sorte. A sorte sempre a estava traindo, sempre. Quando ela estava conseguindo algo pelo qual tinha batalhado muito e começava a achar que era uma pessoa sortuda, a sorte, impiedosamente, a abandonava. Por isso ela gostava do azar. Não podia se dar ao luxo de acreditar na sorte, não podia cometer outro deslize.
Isabelle soltou um riso seco. Estava agindo como uma criminosa. Pare de se preocupar Isabelle! Como isso é ridículo. Disse a se mesma, e riu novamente. Sua sanidade estava piorando a cada segundo. Tudo culpa daquele garoto. Ela nunca admitiu, claro que não, não fazia parte do seu estilo pós-picada-de-cobra, mas aquele garoto mexia com ela de um jeito que ela não conseguia identificar se era bom ou ruim.
Phelipe saiu do banheiro, ainda com sono, encarou a irmã.
- O que você tem? – Perguntou.
- Nada, por quê?
- Você tá com uma cara de quem não dorme há dias.
- Talvez eu não durma há dias – O encarou, fria.
E isso o assustou, ele costumava ser o irmãozinho mais novo dela, o protegido, e lá no fundo Isabelle sabia disso, já que uma voz lá dentro dela a obrigava a pedir desculpas, mas ela não estava com cabeça pra nada. Respirou fundo.
- Desculpa Lipe, eu realmente não estou com cabeça hoje.
Ele murmurou algo que Isabelle não entendeu e saiu pela porta cambaleando, ainda bêbado pelo sono. Ela achou melhor segui-lo, mas ao sair do quarto já não o avistava mais. Deve ter ido à cozinha. Pensou. Ela estava certa, mas mesmo vivendo há quatorze anos naquela casa ela ainda conseguia se perder com facilidade. Nunca tivera senso de direção.
Zanzou pelo castelo, que naquela época nem era tão grande, por pelo menos dez minutos até finalmente achar o cômodo onde se faziam as refeições. Phelipe estava sentado na mesa, olhou de canto-de-olho para a irmã e a ignorou. Isabelle suspirou. Seu orgulho não a deixou falar com o irmão e este não queria ser o primeiro a quebrar o silencio. A tia deles, Maryana, notou e se dispôs a falar.
- O que aconteceu, hein? – Perguntou.
- A Isabelle está de mau humor – Phelipe não a olhou ao pronunciar tais palavras, e isso a magoou.
- Não estou de mau humor, tia. O Phelipe que vive me estressando! – Se defendeu.
Uma briga se instalou no lugar, de um lado o mais novo culpava a irmã por tudo com o qual nunca se importou que tivesse acontecido, de outro, a mais velha se defendia e soltava palavrões que alguns nem a senhora sentada entre os dois conhecia. A mulher, de cabelos grisalhos e olhos azuis, se estressou.
- Chega! Parem vocês dois! O que deu em vocês? – Bufou – Não quero vê-los brigando de novo. Ouviram?! Agora terminem de comer.
Os irmãos pararam na hora. Nãos gostavam de despertar a ira da irmã de seu pai, Maryana conseguia ser insana as vezes e eles não queriam que isso acontecesse. Sentaram-se, haviam se levantado no meio dos gritos, e tomaram seu café sem soltar um chiado. Isabelle foi a primeira a acabar, se levantou, fez uma leve reverencia para a mais velha do cômodo e subiu ao seu quarto.
Ficou dois dias sem receber visitas infortunas do garoto com o qual compartilhava a cor de cabelo o que quer dizer que ficou dois dias sem discutir com o irmão, dois dias sem ouvir gritos, ou seja, teve maravilhosos dois dias. Mas como tudo que é bom dura pouco, Raphael apareceu novamente nua noite de lua cheia.
Isabelle não conseguiu dormir naquele dia e foi para o jardim do castelo, um lugar que era lindo pela manhã, com vários dragões cortando o ar e flores bem iluminadas pelo sol, e que pela noite era deserto e as plantas transmitiam o brilho amedrontador da lua. Mas esses fatores a confortavam ao invés de assustar a adolescente.
Ela pisou na grama molhada, havia tirado os sapatos, olhou a lua por um breve momento e encostou-se à árvore mais antiga cantando para si mesma uma canção de ninar. Era a canção que sua mãe a havia ensinado dias antes de enlouquecer, ela fechou os olhos e ouviu sua mãe cantar.
- Por que parou? – O estranho ao seu lado perguntou.
Ela já o havia sentido lá, só não queria comentar, não queria estragar o silêncio.
- Por que não avisa você mesmo à Isabelle? – Suspirou – São perguntas que não têm respostas, não sei explicar, só não queria ouvir minha voz por um tempo, Raphael.
- Isabelle se encontra na mesma época que eu, senhorita, eu só posso voltar ao passado – Respondeu distante.
- Por que não se impede?
- Se eu me impedir, vou perceber o que posso fazer e então farei com que meus inimigos nunca tenham nascido.
- Você não sabe?
Ele riu.
- Espero que não. Olha, eu não sou exatamente Raphael, sou... Como posso dizer...  – Falou pensativo – Hum... A consciência dele.
- Quanto mais você se explica, mais confusa eu fico.
- Percebi – Deu um sorriso.
- E Isabelle? Quem é?
- Minha irmã.
- Como posso avisa-la?
Abruptamente, ele se virou para trás, como se alguém estivesse se aproximando, e tremeluziu. Céus! Ele tremeluziu, a ruiva pensou. Ele está...
- Raphael! – Falou um tom mais alto, fazendo-o se virar para ela – Você está... Desaparecendo!
Ele deu um amplo sorriso.
- Parece que tenho que ir – Deu um sorriso seco.
Ele olhou para o céu, como se nada estivesse acontecendo, para observar a lua. O encontrou cinza, cheio de nuvens. Iria chover, um pouco mais tarde, naquele dia.
- Até mais, Isabelle – Disse antes de desaparecer completamente.
Ela suspirou. Estava se tornando um hábito. Para ela, suspirar. Para ele, sempre se despedir usando Isabelle, mesmo que na primeira vez não se referisse a ela. Suspirou de novo, levantou-se, calçou os sapatos e subiu assoviando a canção que trouxera Raphael ao palácio naquela noite. Porque, por alguma razão desconhecida, estava feliz. Adentrou no quarto, pegou os instrumentos necessários e escreveu a segunda carta.
“Querida Isabelle.
Raphael voltou. Quanto tempo faz mesmo? Bem, você tem que impedi-lo, pois vocês estão muito longe de mim para que possa fazer algo. Além do que, ele é seu dever, por ser seu irmão. Ele é muito poderoso, mas não precisa saber disso. Ele fica muito pouco tempo, mas me cansa as vezes...
Isabelle”

E Igualmente a primeira, ela a queimou e colocou as cinzas na caixa de joias. Olhou o céu pela última vez no dia. Cinza. Suspirou. Enfiou-se debaixo de cobertas e ainda conseguiu ouvir o barulho da chuva batendo no telhado antes de adormecer.
Acordou, seu irmão não estava na cama. Estranho, pensou. Saiu murmurando “Lipe” pelos quatros cantos do castelo e nada de seu irmão aparecer. Onde um menino de dez anos pode ter se enfiado? Essa brincadeira de esconde-esconde começou a irrita-la.
- Phelipe!!! – Gritou com todo o ar que tinha no pulmão.
Silêncio.
- Isabelle!!! – A voz masculina de seu irmão gritou três corredores a frente dela, imitando seu tom.
Ela foi até onde ele estava, o encontrou em frente a escada ainda sonolento, como sempre.
- Onde você estava? – Ela perguntou séria.
- No único lugar em que você não procurou. No banheiro, idiota.
Suspiro.
- Tá, tá – Falou puxando o irmão pela manga e o arrastando escada acima.
- Pra onde a gente vai?
- Merecemos folga por um dia, não?
- Maryana vai nos matar... – Falou tropeçando no seu pijama.
- A tia Mary não vai nos descobrir – A mais velha falou com tamanha intensidade que Phelipe pôde ver por que por trás dos cachos ruivos da irmã, seus olhos verdes brilhavam.
O mais novo optou por ficar quieto depois daquilo enquanto era guiado pela irmã até o quarto de ambos. A animação de Isabelle o assustou que chegou até a sentir medo, não se lembrava da irmã assim. Talvez ela soubesse que não viveria por muito tempo, talvez fosse só instinto, não que isso importe.
Isabelle soltou o irmão assim que entraram no quarto e foi para o banheiro fazer sua higiene matinal enquanto Phelipe botava uma roupa simples. A irmã mais velha apareceu com um vestido mais solto do que costumava usar, e sem tantos babados.
- Para onde vamos? – O mais novo indagou.
- Sair, passear, fazer qualquer coisa que você quiser – Ao ouvir as últimas palavras o garoto franziu a sobrancelha.
- Qualquer coisa que eu quiser? – Perguntou, falando pausadamente.
- Exato – Isabelle falou quase dando pulinhos de ansiedade.
- Hm... Podemos ver um... Dragão? – Falou para testar a irmã, esta sempre negava quando pedia isso.
- Claro! – Deu um sorriso, incrivelmente, verdadeiro.
Phelipe ficou calado enquanto a irmã o guiava para a saída do castelo/mansão, estava perplexo. Os irmãos saíram sem nem serem notados. Isabelle arrastava o irmão para a floresta mais próxima onde havia dragões, a maior parte tinha sido amansada pela Imperatriz. Um pouco antes adentraram na mata escura os dragões já eram visíveis. As criaturas estavam muito próximas dos Maurer, afinal, eram muitos e ocupavam a floresta inteira, fazendo com que ficassem muitos próximos um dos outros e consequentemente, nesta hora, perto dos irmãos.
Phelipe ficou paralisado. Sempre desejara ver os dragões de perto e não só ouvir seus rugidos do seu quarto, quando tinha tempo, mas apesar disso ele ainda não estava pronto para vê-los com tamanha proximidade. Isabelle olhou para o lado e viu os olhos arregalados do irmão, soltando um leve riso. Pegou a mão do mais novo e a manteve esticada enquanto um dragão de cor escarlate se aproximava e colocava uma parte de sua cabeça na mão dele. Isso fez Phelipe voltar à realidade, alisando levemente a cabeça do dragão, que por seu tamanho não devia ter menos de 100 anos.
Isabelle fez carinho na cabeça dele também, e continuou fazendo enquanto guiava o irmão para as costas do gigante, o fazendo monta-lo. Ela fez menção de se afastar, mas Phelipe segurou sua mão e a olhou nos olhos, fazendo-a perceber o quão assustado ele se encontrava, e como uma boa irmã montou na frente do dragão para poder guia-lo.
Em pouco tempo estavam dando voltas no céu. Isabelle sorria enquanto o irmão gargalhava atrás dela, talvez de medo ou talvez pelo sentimento de liberdade. Tanto faz. Ficaram planando pelo ar até escurecer, o que aconteceu muito rápido no ponto de vista dos Maurer, que foram obrigados a descer do dragão e a saírem correndo de volta para aquilo que eles chamavam de casa. E como Isabelle disse, a tia deles não deu pela falta dos sobrinhos. Ambos se banharam e foram dormir.
Mas como já se era de esperar, Isabelle não estava com sono e desceu para o jardim, só que desta vez ela levou sua caixinha de joias e os instrumentos necessários para mais um bilhete, o último. Ela nunca pediu pela presença de Raphael, ele sempre via quando ela estava distraída e não esperava, menos naquela noite. Ela o esperava, e ele sabia disso, por isso apareceu. Ambos ficaram em silêncio por um tempo.
- O que está pensando? – Raphael perguntou.
- Me pergunto se isso servirá para alguma coisa.
- Isso o quê?
- Bilhetinhos... Bilhetinhos carbonizados.
- Bilhetes talvez, mas não acho que irão servir muito como cinzas.
Isabelle suspirou brevemente e deu um suspiro fraco.
- Você conseguiria manter minha essência num lugar com algum tipo de magia? – Perguntou.
- Talvez... Por quê?
- Porque eu sou o último bilhete... – Murmurou.
- Isabelle...?
- Eu devo queimar – Ela falou mais para si do que para o garoto sentado ao seu lado.
- Como...?
- Eu devo contar para sua irmã, minha essência deve ser mantida nessa caixa, que algum dia deve chegar nas mãos dela – Essas palavras paralisaram o garoto.
- O que você quer dizer... – A compreensão o pegou de surpresa – Você não está dizendo que...
- Por favor – Ela o interrompeu.
- Certo – Raphael falou cabisbaixo.
Mas antes de Isabelle permitir que o garoto a levasse, ela escreveu uma última carta. Desta vez destinada a Phelipe.
“Caro irmão.
Eu te amo. Muito. Mas muito mesmo. Eu sinto muito ter que ir sem uma despedida, mas é meu dever. Eu quero que seja feliz. Quero que case. E que não se sinta obrigado a nada, e também não ache que foi culpa sua, porque não foi. Essa caixa de joias, embaixo deste bilhete, é a mesma que foi de nossa mãe. E quero que ela vá passando por todas as gerações da família, por ela.
Com amor, Isabelle”
E, como que para fazer com que o bilhete fosse verdade, o colocou em cima da caixa. Raphael, que acompanhou com os olhos o que ela escrevia, deixou uma lágrima solitária escapar. Isabelle, que nada disse e também não demonstrou emoção, fez um leve sinal com a cabeça, dando permissão para que Raphael conjurasse a magia, e ele assim o fez.
Lentamente Isabelle começou a desaparecer em meio as chamas que não a queimavam. Estava feliz, estava sorrindo. Assim como Raphael. Ambos seriam eternos em seus próprios meios. As chamas foram levemente consumindo ela e depois diminuíram, deixando cinzas que não podem ser vistas. Mas Raphael as viu, e as colocou dentro da caixa rubra entornada com ouro. E em pouco tempo depois, Raphael estava indo, para cumprir com seu destino. Para cumprir com sua morte.

Fim.





Próximos:


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