O Orbe de Reidhas, Spin-off #1 | Capítulo IV








Olá pessoal :3 Temos duas imagens escondidas aí embaixo, como links. Procurem \õ/ Já é a brincadeira dos 3 anos do blog :D 


IV





        Theo não conseguia tirar os olhos dos cabelos brancos daquela menina. Ela estava deitada nos trilhos, fios espalhados para todo lado. Usava um vestido azul claro, provavelmente de seda. Estava desacordada, os lábios entreabertos, a pele lisa. As sobrancelhas eram alvas. Os cílios. Era irrevogavelmente uma garotinha, não uma senhora.

Forçou-se a olhar os outros. Mais uma garota, saia preta curta demais e botas de cano alto, de bruços. O cabelo era negro como piche, longo, espesso. Os braços eram doentiamente pálidos.
         E havia um rapaz. Theo engoliu seco ao ver que o cabelo dele era o mais vermelho que já viu na vida. Era muito vermelho, irreal. Na verdade, ele já imaginou alguém com exatamente aquele tom de vermelho nos cabelos. E assim como a garota de cabelos brancos, as sobrancelhas do rapaz eram vermelhas também. Além disso, o cabelo era curto e espetado pra cima. Usava uma roupa quente demais para primavera. Um casaco longo, bordô, que de acordo com o que Liv lhe dissera uma vez, era veludo. Tinha duas fileiras de botões dourados e belos, a gola era alta. Havia bordados em dourado no tecido. Calças longas e botas pretas.
         — Awwnn – a garota da saia curta gemeu e apoiou as mãos no chão, se erguendo. Jogou os cabelos pro lado, olhou o rapaz à sua esquerda e berrou:
         — Pyro, seu idiota maldito! Olha o que você fez! – ela se pôs em pé num salto e bateu as mãos uma na outra.
         Estava de costas, não vira Theo, Liv ou Archie.
         E num ataque de fúria, chutou o lombar daquele que ela chamou de Pyro, com força.
         — Onde a gente tá? – ela voltou a gritar. E a chutar. – Levanta!
         Ele gemeu.
— Chega, Lyra! – ele ergueu o tronco, mas se manteve sentado. Olhou os lados, e pareceu ignorar as três pessoas à sua frente. – Eu não sei que lugar é esse. Mas eu acho que esses caras aqui sabem. – apontou o indicador direto para Theo.
A garota chamada Lyra se virou com fúria, e Theo vislumbrou seu rosto. Pálido como os braços, a testa enrugada. Os olhos eram azuis, muito azuis, mais que os de Archie. Pareciam pedaços de céu. Destacavam-se pelo negro dos cabelos. Os lábios estavam cobertos de batom vermelho forte, e apertados numa linha cruel.
Ela parecia furiosa.
Theo ainda reparou que os ombros dela estavam nus, e que usava apenas um corpete cinza-chumbo, bordado delicadamente, mas que mostrava muito a curva dos seios.
— E quem são vocês? – ela perguntou com autoridade.
Theo não sabia onde estava sua língua, e se ele estava assim, Archie estava vinte vezes pior.
— Eu- – Liv começou a falar, mas ouviu um barulho conhecido.
O trem das quatro horas.
Theo olhou pra trás, e lá vinha a locomotiva, enorme, vermelha e fumacenta. O maquinista soou seu sino, alertando algo.
A garota de cabelos brancos ainda estava nos trilhos.
— Meu Deus, o trem! – Liv olhou a menina e depois o irmão. E para Lyra e Pyro, que estavam empacados olhando a locomotiva, inertes. Assustados?
Lavender largou sua pasta no chão ao ver que ninguém faria nada. Correu até o trilho e sacudiu a garota, que começou a acordar. Só então Theo conseguiu se mover e ajudar a irmã. Os dois carregaram a moça até perto de Archie, e o trem passou por eles.
— Hey, vocês não viram que o trem vinha não? – Liv olhou os forasteiros.
— Que monstro é esse? – A Lyra cerrou os punhos, e Theo viu, ele podia jurar que viu faíscas.
— É só um trem! – Liv elevou um tom.
— E o que viria a ser um trem? Uma raça nova? – Lyra também elevou um tom.
Liv finalmente percebeu que eles não eram pessoas comuns. A expressão dela mudou.
— Lílian… – Lyra se aproximou da menina de cabelo branco e a tomou nos braços. – Lílian… acorde, pelos deuses, você tem que nos dizer onde estamos!
Lílian se mexeu e levou uma das mãos à testa. Jogou a franja alva pra trás e abriu os olhos.
Verdes. Eram belamente verdes. Não como os de Theo e Liv. Era uma cor mais viva. Era… o verde dos elfos.
— O que foi, Lyra? O que houve? – a voz dela era amável.
— Não sei. Caímos aqui, não conheço esse lugar. Há um monstro chamado Trem… que, aliás, não nos atacou. E tem… essas pessoas. – Lyra olhou-os. Primeiro Liv, depois Archie e finalmente o rosto assustado de Theo.
Ela encarou Theo por um momento maior, deixando-o sem graça. Aqueles olhos eram muito fortes.
Lílian se levantou. Alisou o vestido e estudou-o. Depois ajeitou o cabelo alvo.
— Tudo bem com você, Pyro? – ela olhou o garoto, e ele assentiu. – certo, mas é que… Lyra, eu não sei que lugar é esse. – ela olhou-a, assustada.
— Rhenium Valley. – Theo encontrou a voz. – Estado de Caesium, no país de Palladium.
Pyro e Lyra olharam para Lílian, como se ela fosse um mapa ambulante.
— Não conheço esse lugar. Não é nos Impérios nem nas repúblicas próximas. – ela meneou a cabeça, mais assustada ainda.
— Parabéns, Lyra. Por sua causa, estamos desgraçadamente perdidos! – Pyro franziu o cenho. Theo reparou que ele tinha a sua altura, e um porte nobre.
E Lílian dissera Impérios.
As conclusões de Theo apontavam uma coisa absurda que ele ignorava.
Minha causa? – Lyra berrou. – foi você que resolveu tomar o orbe da minha mão!
— E onde ele está? – Lílian cortou a briga.
Lyra olhou os lados, o chão. Pyro também.
— Não sinto a magia dele… – Pyro andou ao redor de onde eles caíram.
— Não dá pra sentir… – Lyra foi atrás.
— E eu não sinto a presença dele na terra. Não cheguei a memorizá-la. – Lílian também olhou o chão, e depois olhou os estranhos.
Dessa vez a boca de Theo estava aberta.
Pelos infernos, ele disse magia.
— Podem nos ajudar? É uma esfera desse tamanho, meio- – ela se assustou de repente – perdão, não nos apresentamos! Eu sou Lílian Thrower. – ela fez uma mesura educada. – Aqueles são meus primos-
— Lyra Thrower – ela se virou, carrancuda.
— Sou Pyro Watari, prazer. – ele pôs o punho no peito e abaixou o tronco levemente. – Cumprimente direito, sua arrogante. – ele disse a Lyra.
Ela bufou.
— Ah, por favor!
— Ahm… – Liv começou. – Lavender… Steamwork. Mas me chamem… de Liv. – ela sorriu, um pouco atordoada.
Liv cutucou Theo, mas ele não conseguia se mexer.
Os nomes, os malditos nomes eram os mesmos
— The- Theophilo. Theo, é, Theo Steamwork.
— Somos irmãos. – Liv tomou o braço dele. E aquele…
— Archibald. – ele sussurrou.
— Mais alto, Archie. – Liv pediu.
— Archibald Leadengear. Archie. – ele forçou a voz para soar mais
alto.
— Aqueles dois ali também são irmãos. – Lílian apontou-os.
— E de onde vocês vieram… e como? – Liv perguntou.
— Raython. – Quem disse foi Theo. – Eles são de Raython.
Tanto Lyra como Pyro se aproximaram de Lílian.
— Você conhece Raython então? – Lyra amansou a voz e voltou a encará-lo.
Theo não conseguia olhá-la direto nos olhos. Sentia algo estranho. Abaixou a cabeça e encontrou seu decote. Corou, e olhou o chão.
— Não exatamente… eu ahm… li sobre o lugar…
— Pelo menos sabe pra que lado fica? Olhe pra mim! – Lyra tinha o pavio curtíssimo, algo esperado de um Thrower. Mas era estranho. A cor do cabelo.
Theo ergueu a cabeça de súbito e fitou as pedras azuis. Pedaços de céu… cabelos negros…
Clique. Lembrou-se de onde saiu Lyra.
— Não sei pra que lado fica. Aliás, eu li sobre Raython e suas famílias num livro de ficção, senhorita.
My lady. – ela corrigiu.
— My lady – ele se apressou em acrescentar.
— Ficção, você disse? Tem certeza que não era História? Geografia, sei lá… – Lyra o fitou.
— Ficção sim. E que conta sobre Phyreon Thrower e a Primeira Geração de Magos Elementais.
— Lorde Phyreon pelo amor dos deuses, garoto. E não diga este nome perto de mim porque quando eu voltar pra lá ele vai me matar do-lo-ro-sa-men-te. – Lyra crispou os lábios.
— Vocês três são aprendizes? – Theo os olhou, e eles assentiram.
— Theo, espera. – Liv pediu. – Você os conhece?
— Não. Nunca os vi. Mas eu… Liv, lembra daquele livro que eu comprei da última vez que fui ao sebo?
— Sei, você não larga aquela coisa. – ela revirou os olhos.
Theo suspirou, ainda incrédulo com aquilo tudo.
— Aquele livro é a história dos ancestrais deles, de algum modo. – ele concluiu. – Como vocês vieram? Sellphir?
— Não. É aquele orbe maldito. – Pyro cruzou os braços. – Lyra pegou a coisa na sala do Velho e resolveu brincar com ela. Eu tentei pegá-lo e de algum modo o ativamos e viemos pra cá. E se a Lílian não sabe onde estamos, quer dizer que isso aqui é infinitamente longe de Raython ou que viajamos no tempo. – concluiu.
— Tempo não, Pyro. – Lílian mordeu o lábio inferior. – é complexo demais e você sabe… só ele… pode.
Ele que você quer dizer é Kr-
— Não costumamos dizer o nome, Steamwork. – Lyra o cortou como uma lâmina. – Já se foi muito tempo, mas algumas pessoas se lembram bem.
— De que?
Os três forasteiros se encararam.
— Seu livro acaba onde, Steam-
— Theo, por favor. – ele enrubesceu por cortar Lyra.
— Onde, Theo?
— A princesa Elektra fugindo de casa?
Lyra encarou a prima e o irmão, depois sorriu.
— Ela era princesa ainda? Então falta uns… cinquenta anos de história nele, eu acho. Mas vamos voltar ao que nos interessa. O maldito orbe.
— Já está tarde para procurarem, não? – Liv parecia preocupada. Ela olhou o céu cinza. Eles perderam muito tempo ali.
— Falta… uma virada pra anoitecer? – Lyra olhou pra cima.
Theo tirou seu relógio do bolso.
— Quatro e meia. Melhor procurar amanhã, my lady.
— Tá, pode me chamar de Lyra. E “quatro e meia” quer dizer que falta uma virada de ampulheta para anoitecer, certo?
— Certo. – ela vinha de Raython, céu cinza a vida toda. Claro que estava certa. Theo passou a admirar seu rosto angular.
— E a cidade mais próxima fica pra que lado? Estou confusa, há muita gente pra todo canto. – Lílian coçou a cabeça.
— Pra lá… – Liv apontou pra trás – … mas eu não posso deixar você ir para a cidade. Todos vocês. Não conhecem isso aqui.
Liv parecia preocupada com eles agora que tinha certeza que Theo os conhecia. Ela confiava no irmão, e se aqueles garotos eram garotos perdidos, não podia deixa-los à própria sorte.
— E nem os costumes. – Theo continuou. – As pessoas não conhecem magia aqui e vocês não tem autoridade nenhuma. E nem dinheiro. Nem pensem em dormir na cidade.
— Então vamos o que? Acampar? – Lyra cruzou os braços.
— Vocês podem… ir pra minha casa. – Archie disse timidamente. – Tem muitos quartos de hóspedes.
Não Archie! Eles vão para a minha casa! – Liv o empurrou, e ele riu. – A Lílian é o ser mais fofo da face da terra! – ela tomou as mãos da maga. – E você também, Lyra. Só deve estar um pouco estressada.
Lyra a olhou com uma expressão confusa. Como se “fofa” fosse o último adjetivo que poderia ouvir sobre sua pessoa.
Theo pensou sobre levar os três para casa. Havia duas camas no quarto de Liv e no seu, e provavelmente algum colchão. Mas o problema não era este.
— Vocês nem nos conhecem. E já vão nos enfiando nas suas casas? – Lyra franziu o cenho.
— Eu não posso largar duas Thrower e um Watari vagando vou aí… é perigoso – para as outras pessoas – e além disso, eu… – Theo hesitou. Simplesmente quero vocês aqui. E eu confio em vocês, e eu os conheço, acho…
Você o que? – ela era muito incisiva.
— Preciso… precisamos encontrar algo para dizer aos nossos pais, Liv. – ele emendou a desculpa – A verdade não vai convencê-los, e se eles provarem que sabem magia, os problemas vão aumentar.
Liv ponderou e concordou.
— É mesmo, mas… o que dizemos? – ela olhou o irmão e Archie.
— Ahm… eu acho que tenho uma… ideia. – Archie olhou o chão.
— Diga! – Liv fulminou-o.
— Alunos de intercâmbio? Da Argentum. Ela fica no outro lado do país, aí seus pais não vão perguntar muito sobre de onde vieram. Eu acho que eles sabem que a Academia tem alojamento, mas aí você diz que insistiu para eles ficarem na sua casa, Liv.
Theo sorriu. Archie não era gênio só para matemática e física.
— Mas aí eles vão ter que se disfarçar de alunos… Archie continuou – eu posso conseguir material e uniforme… mas seria melhor se frequentassem as aulas.
— Calma lá, você que eu esqueci o nome. – Lyra ergueu o indicador. – Você diz como se nós não fôssemos achar o orbe amanhã e voltar pra casa antes da metade do dia.
— Senhorita, tenho que tomar esta possibilidade. Olhe ao redor. O orbe pode ter caído em qualquer lugar desta floresta. E nós não podemos matar aula para ir com vocês procurá-lo. E vendo que vocês não conhecem a região, alguém deve vir com vocês.
Lyra olhou o céu.
— Certo, deuses, vocês venceram. Eu nunca mais pego nada da sala do Velho. Nunca mais!
— Parece que é nossa única opção. – Pyro suspirou. Vamos então.
Liv sorriu largamente.
— Pra lá meninas! – ela pegou um braço de cada uma das moças e puxou-as pra frente, alegre.
Theo sentiu-se feliz por Liv. Ela não tinha muitas amigas. E ficou com pena das primas também. Virariam bonecas vivas, até onde conhecia a irmã.
E também sentia algo estranho no estômago que não sabia descrever bem.
Talvez essa era a sensação de um sonho se realizando.


Chris chegou em casa. Acendeu as luzes do quarto-oficina, e depositou sua esfera numa mesa cheia de ferramentas.
O local era um pandemônio de peças, autômatos, fios, parafusos. Instrumentos de trabalho estavam espalhados, junto com plantas de projetos. A cama estava no canto direito, com roupas em cima. O guarda-roupa era um baú com peças caindo para os lados. Ao lado da cama estava o minúsculo banheiro.
Havia apenas uma janela estreita no alto da parede no lado contrário ao da cama. Vivia fechada e com uma cortina. A senhora que morava ao lado tinha o sonho de ver o que ele tanto escondia ali naquele quarto, e ele não queria facilitar as coisas.
Chris tirou o paletó e o colete. Afrouxou a gravata e abriu três botões da camisa. O quarto era monstruosamente quente e abafado, e ele às vezes trabalhava sem camisa, quando até seu jaleco se tornava insuportável.
Olhou para a blusa alva e sem manchas e resolveu terminar de tirá-la. Pegou o esfarrapado e imundo jaleco e depois de vestir, andou até um enorme pano branco, que cobria seu bem mais precioso.
Tirou o tecido e lá estavam. Eram três. Um era maior, o do centro. Era simplesmente um boneco de lata, que faltava apenas um coração. Os dois outros eram menores, protótipos ainda mais robustos. Os três eram prateados, sem uma mancha de ferrugem. Chris sempre lubrificava todas as articulações e sempre os polia.
— Eu acho que dessa vez consigo dinheiro suficiente para vocês, garotos. – ele fitou os olhos de vidro do protótipo maior.
Andou até a mesa e pegou a esfera.
— Vejam. – chegou perto deles, a luz refletindo no metal. – é bela, mas não posso ficar. Eu tenho que…
Chris ouviu um chiado. Fraco, vindo do seu protótipo. Aproximou o ouvido. O chiado diminuiu.
Olhou aquela bola de cristal. Olhou por um segundo, e aproximou-a do autômato. O chiado aumentou.
O que…?
Chis correu até a mesa e apanhou instrumentos de medição de todo tipo. Nenhum acusou energia ou carga elétrica na esfera, mas de algum modo, ela fez o mecanismo de seu invento reagir. Podia ser algum tipo de ressonância?
Pegou uma chave de fenda e voltou ao boneco. Abriu o compartimento onde a ignição seria feita, no meio do peitoral. Com custo, inseriu a esfera e prendeu os fios nela como pôde. O autômato chiou mais alto.
Então Chris fechou o compartimento e girou a válvula para ignição.
E então os olhos de vidro de seu filho se acenderam.
E Chris sorriu como não sorria há anos.






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E então, conseguiram achar as imagens escondidas? Não? Como não? Já ouviram falar do Muito Interessante?

Ou achou?

Well, se você está perdido, gafanhoto, a luz está nessa minha journal do DeviantArt. E, claro, nas imagens escondidas.







E os jogos começaram \õ/






Vocês podem baixar o PDF do capítulo aqui: http://goo.gl/fK8l7N
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Lembrando os pdf's tem uma imagem diferente e o primeiro tem a Apresentação :3


até a próxima minha gente.





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