— Como no observatório, garoto? Meus homens estão lá, recebo relatório três
vezes ao dia! – McMillan quase berrou.
Tom
começou a subir uma escada de mão, cheia de limo pútrido.
— Eles
estão mortos, Estorvo. E os autômatos tomaram a pele, bem simples. – Lyra subiu
atrás de Tom.
— Mas… eu
não…
Eram
duzentos homens. Ele mandou duzentos soldados para o observatório, lembrava bem
disso. Eles ocupariam os andares inferiores, que era a base secreta de Cadmia,
para pesquisar e proteger o cilindro de energia. Ficariam lá para descobrir
quem foi e seguir algum rastro.
Eram
duzentos bons homens.
— Nunca
desconfiariam de lá, certo? Não com seu pessoal vigiando tudo. Nunca
vasculhariam ali. E eu pensei que Luce era mais burro. – Lyra pôs as mãos para
fora do bueiro, erguendo-se.
McMillan
fez o mesmo, e eles saíram na rua.
Não era
muito longe da escola, um beco.
— Muito
bem, ar puro. Só que meu cabelo ainda vai ficar com esse cheiro pelo próximo mês. – Lyra torceu o nariz. – é muito
longe daqui até o observatório? Tom?
— Sim, a
coisa fica do outro lado da cidade.
— Merda.
Eu nunca fui lá. Se usar a Sellphir, eu posso parar muito longe. Coordenadas?
Sabe as coordenadas do lugar?
— Não.
— Estorvo?
— Não
decorei.
— Merda. –
ela coçou a cabeça. Pensou.
Precisava
chegar lá, precisava muito rápido. Não sabia o que Pyro e Lílian estavam
fazendo na casa de Arch, mas só podia ser o óbvio: Luce descobriu que o
cilindro verdadeiro estava lá. Então devia chegar ao observatório antes que ele
voltasse, antes que usasse a coisa.
Quando
podia usar a Sellphir? Como era mesmo? Repreendeu-se por nunca prestar atenção
nas aulas. Coordenadas funcionavam. Memória do local. Fluxo de tempo de outro
mago. Se sentisse a magia de algo ou alguém, poderia segui-la também.
Não havia
nada, se ela tivesse uma memória…
Lyra se
sobressaltou.
— Memória,
é isso. Preciso de uma memória do observatório. – ela olhou Tom. Ele tinha,
mas… isso ia piorar as coisas pro lado dele. – Estorvo, você foi ao
observatório?
— Não.
— Você é
mais inútil que eu pensei, maldito. Tom. Vai ter que ser você.
— O que…
quer? – a voz dele soou trêmula.
— Só a
memória do lugar. Pense bem nele, bem forte. – ela se aproximou. – Vai doer
menos se eu não tiver que procurar muito.
— O que? – cenho dele franziu, e ele deu um
passo pra trás.
— Eu preciso invadir sua memória, Tom. E eu
não quero ver coisa demais. Por isso pense só no maldito lugar.
Ele
empalideceu. Lyra se sentiria mal se não fosse sua necessidade. Ela não tinha
tempo para ir lá andando. Deu mais dois passos pra frente e com dois dedos,
tocou a testa cheia de sardas.
Ver
memórias era sempre uma via de mão dupla. Lyra viu o lugar bem, mas teve que deixá-lo
ver algo de suas próprias lembranças. Não sabia o que era, porém. Phyreon
sempre lhe disse que magias psíquicas eram as mais perigosas, e que mais
exigiam do mago. Era estranho, mas Lyra sempre foi muito boa nelas.
E aquela
magia era diferente da que altera uma memória. Mais fraca, mais rápida, e a mão
dupla. Quando se altera um registro, a vítima não tem acesso às memórias do
mago…
Lyra tirou
os dedos da testa dele.
— O que
você viu? – ela foi urgente.
Tom
piscou, tonto.
— Theo.
Você estava… – ele franziu o cenho muito forte, e fez uma cara estranha.
—
Perfeito. Já sei onde é. Muito obrigada, Tom. Se quiser voltar com o General
Estorvo…
Tom se sobressaltou
por dois motivos.
Primeiro
porque ela ia embora sozinha, e ela simplesmente não podia larga-lo lá com o
General. E segundo porque ela acreditava muito facilmente em mentiras baratas.
Ele não
viu Lyra com Theo. Viu algo muito pior. Algo que, Tom tinha certeza, não o
deixaria dormir por um bom tempo.
— Você não
vai sozinha. – McMillan pegou-a pelo braço. – Eu preciso ir, preciso impedir
essa coisa, preciso-
— Morrer. Sim, você pode ir. Tom, você não. Sellphir.
Lyra abriu
os olhos no meio do mato. Muito escuro, mas podia ver luzes mais a frente. Luzes
e magia.
— Me
obrigue. – Tom disse.
— Redworn!
Ele estava
com a mão no ombro de McMillan. Lyra rangeu os dentes e soltou um impropério.
— Não me
responsabilizarei por vocês. – disse, fria.
E não ia mesmo.
●
Archie
entrou na sala que serviu de cela para eles. O soldado continuava ali, deitado,
desmaiado.
A sala
estava vazia. Chris não estava lá, mas havia o esqueleto de um autômato no
chão. Estava destruído.
— Chris? –
Liv chamou.
— Ele
saiu, Lavender. Com a senhorita Hemingway. – Uma voz saiu de um canto escuro.
Era o professor.
Ele foi
instruído para que não saísse de onde estava, já que não podia correr. Archie
queria levá-lo para o porão também, mas seria complicado pra ele passar pelo
caminho de Amy. Ele teria que ir pela entrada no térreo, o que levaria muito
tempo.
— Ela
apareceu aqui? – Theo perguntou.
— Sim, ela
veio. Eles encontraram o livro correto, e derrubaram uma máquina… depois
desceram, foram atrás de Lílian.
— Não
podemos ir lá agora… – Archie disse a Theo.
— Nossos
pais primeiro.
—
Professor, eu realmente queria te tirar daqui, mas…
— Nem
pensar, Lavender. Não vou levar menos de meia hora para chegar ao térreo. Não
devo sair daqui. – Rutherford disse – Estou bem, não se preocupe.
— Os
autômatos podem te encontrar, não? – Theo soou preocupado.
— Estou
bem escondido aqui, Theo! Só não se esqueçam de mim quando tudo acabar.
— Tem algo
para se defender?
— Chris me
deu uma dessas facas, mas confesso que prefiro penas.
— Tem
certeza? – Archie mordeu o lábio.
— Já disse
que sim, Archibald. Podem ir. Vocês querem tirar seus pais, certo? Vão, rápido.
— Certo. –
Theo suspirou. – Vamos. – puxou Archie pela camisa, saindo do quarto.
Subiram as
escadas e no corredor, encontraram aranhas rondando. Antes que elas se desdobrassem
em máquinas enormes, Liv partiu uma e Archie, a outra.
— Vai ser
fácil, eu acho – Archie corria – O quarto da Amy é aquele ali, vamos nos
dividir?
— Sim, vai
lá pagar seu pai.
Archie
engoliu em seco e deixou os dois irmãos ali.
Assim que
Theo levou a mão à maçaneta, ouviu um barulho metálico. Abriu a porta
imediatamente, e entrou.
— Desvie! – Berrou.
Ephraim
obedeceu imediatamente, atirando-se para a esquerda. Olhou novamente para
aquilo que tinha entrado pela janela.
Há um
segundo era uma aranha. Assim como a outra, que ele perfurou com o atiçador da
lareira. Mas agora era um… boneco? Tinha dois metros de altura e Theo…
Theo o
perfurou com duas adagas, e rasgou o metal facilmente. Com um chute no peito da
criatura, jogou-a contra a janela. Quebrou o vidro e caiu lá embaixo.
— Mais um,
ali! – Liv disse, e pulou em cima da cama, atravessando-a. com a espada que
tinha nas mãos, perfurou a aranha na metade de sua transformação. Pisou em cima
dela e tirou a espada.
Suas
crianças.
Eram só
suas crianças.
Não eram?
Ele olhou
a esposa, parada, empacada na verdade. Ela olhava os dois filhos, que se
encararam. Theo foi para a janela e olhou lá embaixo.
Depois
olhou-o. O óculos estava trincado ainda, e ele tinha alguns arranhões. A camisa
estava fora da calça, e estava descabelado. Suor escorria, já grudava os fios
crescidos na testa. Ele estava barbudo também. Ephraim não se lembrava do filho
ter tanta barba assim.
— Vocês
estão bem? – a voz de Theo saiu precisamente sufocada.
Sim,
apesar de tudo, ele ainda era seu garoto meio cego e tímido, que tem medo de
raios e chuva.
Ephraim se
levantou.
— Estamos.
– disse, olhando sua mulher. Magdalene estava com os olhos inchados de chorar
por eles. E ela parecia que ia cair em outra daquelas crises, mas ela só se
aproximou deles e os abraçou.
Theo se
soltou do abraço da mãe rápido, e voltou a olhar o pai.
— Vocês
tem que sair daqui, agora.
— O que
são essas coisas?
— Tem a
ver com aquelas que estávamos destruindo na Aurum, não tenho tempo pra
explicar. – Theo olhou a mãe. – Vamos, mãe.
Liv a
soltou e puxou pelo braço.
— Onde vão
nos levar?
— O porão.
Lá é… – disparo.
— Isso é
Bartholomew. – seu pai o olhou, preocupado.
— Archie
foi pra lá – Theo correu, seu pai logo atrás.
— Aquele estúpido
não sabe atirar direito, eu sempre disse pra ele não ter armas, mas quem disse
que me escuta? – Ephraim resmungou.
— Algumas
dessas coisas ricocheteiam os tiros… – Theo abriu a porta, e se assustou.
Archie deu
um golpe diagonal de cima pra baixo. Começou no ombro e terminou no quadril da
criatura. A carcaça caiu, metade para um lado, metade para o outro.
Ali perto,
outro autômato estava caído, também cortado.
— Por que
essas coisas não caem com tiros? – o
pai de Arch quase gritou.
— Porque
você atira muito mal – Ephraim disse, e Bartholomew se virou.
— O que
está fazendo aqui? O que todos vocês
estão fazendo aqui? – ele olhou Theo, e depois abriu a cartucheira, colocando
mais munição.
— Salvando
a minha mãe. – Archie cuspiu as palavras, indo até a janela. Depois olhou os
cantos do quarto.
Archie
simplesmente não sabia de onde ele tinha tirado tanto ódio. Ainda era seu
filho, não? E há dois minutos evitou que ele morresse nas mãos daquele
autômato.
Mas se ele
queria continuar assim, paciência. Archie também sabia ser orgulhoso.
Andou até
sua mãe e ela o abraçou, enchendo de perguntas sobre seu estado físico.
— Não,
mãe. Depois. Vocês tem que descer pro porão, longe dessas… – apontou o sabre
para uma carcaça – coisas.
— E por
que iríamos?
Archie
suspirou.
— Você
está louco, Bart? Por que iria? Não é
óbvio, seu estúpido? – Ephraim disse, e Archie agradeceu pelo pai de Theo estar
ali. Ele conseguiria convencê-lo.
— Vamos. –
Theo chamou.
Archie
saiu do quarto e olhou pra trás. Todos os seguiam, seu pai ainda com a maldita
arma. Abriu o quarto de Amy e foi até o quadro. Tirou-o, e girou a válvula.
Abriu o
alçapão, mas claro que seu pai falaria qualquer coisa.
— Desde
quando isso está aí? Isso vai para o porão? Muito
interessante, não?
Archie
olhou o pai.
— Sete
anos. Sete. – sentia algo borbulhar
no estômago. Não acreditava que estava realmente com raiva de seu pai. – Eu vou
ver se a saída está obstruída. Não me sigam, fica difícil pra voltar.
Archie
desapareceu pelo alçapão.
— O que
falta agora? Ele ter uma namorada?
Theo viu a
irmã ficar escarlate, e olhar outro lado.
— Contei
pra você da namorada de Theo, Bart?
— Pai.
— Não, que
história é essa?
— Uma
morena de olhos azuis, linda feito o pecado. Não sei se me sinto orgulhoso ou irritado.
— Pai!
Pelo amor de Deus! – Isso não era hora para falarem dessas coisas.
— Ele
ficou vermelho, olha!
— Você
não, mãe. Você não! – Claro que estava vermelho. Ele ficava assim até quando
Lyra falava que seus olhos eram bonitos. E Theo não queria se lembrar dela
ainda.
— Aliás,
onde ela está? E os outros dois? – Ephraim perguntou.
Theo olhou
a irmã.
— Lá fora.
– Liv disse.
— Matando
essas coisas. – Theo completou, arrumando os óculos.
— O que
são essas coisas? – Bartholomew olhou Theo.
— Eles
atacaram a Aurum. São… sei lá, autômatos. – Theo respondeu, fingindo não saber
de nada.
Seus pais
não tinham que saber verdade nenhuma. Seria mais fácil pra eles.
— Está
bloqueada. – Archie subiu do alçapão. – Colocaram a estante de ferramentas lá.
Merda. Dar a volta não seria muito bom.
— O jeito
é descer.
— Por
acaso – Bartholomew parou no meio do caminho para a saída – Amaranthe está
naquele maldito porão?
— Não sei,
provavelmente sim. – Liv disse.
— Sinto
muito então, mas-
— Eu ouvi
direito – Ephraim se aproximou do velho amigo. Ele era quase vinte centímetros
maior. – ou você não quer ficar lá porque a sua filha está… eu deveria socar essa sua boca, sabia? Quando foi que
ficou tão estúpido? Olhe bem para Archie, olhe
bem. O garoto saiu sabe lá de onde só pra vir aqui te levar para um lugar
mais seguro e você está fazendo pirraça?
É isso mesmo, Bart?
Bartholomew
fechou a cara, ensaiou alguma fala, mas nada disse.
— Vai
realmente ficar com raiva deles só por não corresponderem às suas expectativas?
Isso é infantil, acho que sabe disso. De qualquer jeito você sempre foi mimado
mesmo, né? Agora venha. E me dê essa escopeta. – puxou a arma da mão dele e
continuou o caminho.
Eles
desceram o primeiro lance de escadas sem problemas.
Mas na
metade do corredor, duas aranhas ergueram as patas e se transformaram.
Archie
realmente estava cansado delas. E passou a odiar aranhas também.
Ele atacou
a primeira, Theo avançou na segunda, e por todos os anjos do céu, Liv foi até a
terceira.
Archie não
ia lutar direito olhando ela de esgrelha, e por mais habilidosa que ela fosse, não
conseguia ficar sem se preocupar.
Os três autômatos
caíram rapidamente, e Archie perguntou se Liv estava bem.
— Acho
melhor se preocupar menos com ela, Arch. – Theo disse a meia voz. – Seu pai não
pode desconfiar de vocês… não ainda. E muito menos o meu pai. Ele é duas vezes
pior que eu. – deu um tapinha nas costas dele.
Ah, ótimo. Além do irmão ciumento, há o pai
ciumento. Muito bom, Archie, muito bom.
Um grito
de mulher chamou a atenção deles. Um grito e aquele barulho irritante de
patinhas na madeira.
— Mais deles
– Archie mal ouviu Liv dizer, estava correndo.
Correu de
sabre em punho, para conter aquele autômato que com certeza mataria seu pai no
primeiro golpe.
Bartholomew
deu passos de costas, visando uma fuga, mas caiu pra trás. O que foi perfeito
para Archie, que saltou com o sabre, cravando-o no peito da criatura. O impacto
desnorteou-a por um instante, e Archie usou o pé para tirar a espada.
O autômato
ainda funcionava, e pegou o punho de Archie, que travou os dentes pela dor.
Deixou a
espada cair, e pegou-a com a mão esquerda. Fez uma prece, e desceu a lâmina na
mão da criatura. O pedido foi atendido, e conseguiu golpear com a força certa
para decepar a mão daquela máquina.
Trocou a
espada de mão rapidamente e terminou de cortá-la.
Virou-se,
e viu o pai ainda no chão. Estendeu a mão pra ele, que o olhou confuso.
— Você
ainda é o meu pai.
●
Pyro
sentiu uma energia conhecida. Bem familiar, porque era a sua própria. A magia
que selava a forma do cilindro dentro daquele livro.
Mas era
estranho, porque estava bem ali, naquela grama.
Ele
derrubou o autômato com um golpe de espada, e se virou para a tal energia.
Viu
Catherine e Chris ali, parados, cercados por um monte de autômatos, inclusive
um igual ao que encontrou na Aurum.
Não
pensou. Sabia o que ele estava fazendo ali. Usou a Sellphir para se aproximar,
e golpeou com a espada.
Seu
coração falou uma batida quando o metal de Amy quebrou.
O autômato
o olhou, e aproveitou o choque para chutar Pyro no estômago. O impacto fez com
que sangue subisse por sua garganta, e que fosse jogado a alguns metros.
— Não me
interrompa, humano estranho. – ele disse.
Pyro ainda
se levantou, mesmo com a dor o cegando. Ainda conseguiu reunir energia nas
mãos, e lançou. O autômato se desviou facilmente, e a energia acertou as máquinas
ao redor.
— Sem mais
demorasss – a voz mecânica disse, e avançou contra Catherine.
— Está
comigo, idiota! – Chris berrou, puxando Cat pra trás com força. – Bem aqui! –
ele ergueu um livro.
—
Desculpe, pai… preciso do verdadeiro… preciso… – o autômato pulou para frente,
desviando de outro ataque de Pyro, e virou.
Eles
trocaram golpes, Pyro era ágil, mas o autômato era mais. Com outro chute mandou
o mago para longe, e se virou.
Em um
segundo parou na frente de Cat, e no segundo seguinte, ela estava em seus
braços.
No
terceiro segundo, os dois estavam voando, a propulsão das pernas daquele
autômato riscando o céu de laranja.
Chris
ficou imóvel.
Havia
tantas pessoas naquele mundo que podiam morrer. Havia ele mesmo. Aliás, ele
queria que fosse o único a morrer. Mas
Cat, Cat não podia, não merecia. Ele a colocou naquilo tudo, era o único
responsável por ela e agora…
Ela não
podia, nem deveria morrer, nunca, nunca…
seria a pior das culpas, mais pesada que todas as outras, e justo quando ele
sentia que não conseguia suportá-las mais…
Ela
insistiu tanto para levar o livro.
Baixou os
olhos para Pyro, dez metros a frente.
Ela não
podia morrer. E ela não ia. Chris correu até ele e se ajoelhou ao lado.
Pyro
apoiou nas mãos e cuspiu uma bola negra, viscosa. Ele estava destruído por
dentro, dava pra perceber.
— Consegue
levantar? – Chris pensou que “você está bem?” era uma pergunta estúpida.
— Ainda
não, espere… ajude aqui.
Chris o
ajudou a se sentar direito, e Pyro pôs as duas mãos no abdômen. Elas ficaram
com uma luz esverdeada, e o garoto fechou os olhos. Chris não queria apressá-lo
nem nada, mas estava sinceramente preocupado com Cat.
— Eu…
consigo sentir o livro, Chris. Ele só quer o cilindro, levou Catherine porque
eu o atrapalhei, sinto muito. – ele gemeu. – só vou estancar esse sangramento
porque é interno, e vou até ele. – abriu os olhos. – fique calmo.
— Não
menino, eu não vou ficar calmo. E você vai me levar junto.
— De jeito
nenhum.
— Pyro,
não sei se você esqueceu, mas quem criou essas coisas fui eu. Eles me chamam de
pai, entende? Luce ainda se lembra
de mim. Há uma chance deles não me atacarem. Além disso, andei observando. Eles
realmente não me atacam.
— O que
quer dizer?
— Que
talvez eu possa pará-lo. Isso tudo que ele está tramando tem a ver comigo, tem
a ver com a nossa briga. Eu tenho certeza disso.
Pyro se
levantou.
— Não
posso arriscar você. Não terá como eu te proteger.
— Dane-se!
Só me leve! E eu já disse que eles não me atacam!
—
Maldição. Parece que pousaram. Segure meu braço firme, e reze para não perder
nenhum membro do corpo.
Chris
ficou pálido, mas já era tarde demais.
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