Crônicas de Chumbo #3





Leaden Chronicles é um monte de contos meus ( e só meus, Phyreon não tem parte neles. u.ú) que são publicados mensalmente aqui. =D








T H I R D    B U L L E T
Para Shallvy

        — Hmmm... Que acha de um colar de pérolas, hã? Ela vai amar, com certeza. – Liz sorriu.
        — É, pode ser... Delicado como ela. – Vince sorriu de volta.
        Elizabeth Lewis é mais conhecida por Liz. Possui certa idade que julga não ser importante, cabelos longos, da cor do mais puro mel, que desciam em uma cascata de ondas por suas costas. Um rosto jovem e lindo, olhos cinzentos que mais pareciam cristais. Seu corpo era perfeito, escultural, mesmo depois de seu filho. Seios muito fartos e cintura fina. Vince julgava a sua mãe como a mãe mais linda do mundo.
        Mas não era só de beleza que Liz era constituída. Uma ótima formação samurai também.
        Por causa dela que Vincent sabia manusear muito bem uma katana.

        Estavam na biblioteca do castelo elaborando um presente para Amanda.
        —... Aí você completa com um par de brincos e aí a chama para um jantar, aí se declara! – Liz abriu mais o sorriso. Estava realmente empolgada com o filhote apaixonado. – Ah! E diga a ela que só vai aceitar se ela for com as jóias.
        — Mas mãe... Acho que... Bem... – Vince parecia desconcertado – a mãe dela não vai deixá-la sair comigo e também... Acho que ela não tem um vestido apropriado para um jantar num lugar caro, como a senhora está imaginando aí. – ele completou, franzindo o cenho.
        — Hm... – Liz ponderou. – Bem, então compre tudo! Jóias, vestido, sapatos... E a faça usar. Pronto. E quanto à mãe dela... Acho que ela não é estúpida a ponto de não deixar a filha sair com um Heisenberg.
         Vincent deu de ombros.
        — De qualquer jeito, vocês não vão sair ainda. – Liz olhou ternamente para seu filho.
        — Não? – Vince pareceu assustado.
        A porta da biblioteca se abriu num estrondo, e então um furacão também conhecido como Alice Heisenberg entrou correndo, com um lagarto nas mãos. Ria alto, se divertindo muito.
        Logo atrás, o irmão mais velho dela vinha, com uma expressão que mesclava fúria e agonia.
        — DEVOLVE O HAROLDOOOOOOO – Nick chorava, correndo atrás da menina.
        Depois, Amanda apareceu na porta, arfando.
        — Alice! Por favor... Pare... Um... – a voz dela sumiu. As bochechas estavam muito vermelhas, parecia que havia corrido o castelo todo.
        Liz olhou toda a desordem, pegou a Ruger de seu filho e atirou no teto, abrindo um rombo pela bala de grosso calibre.
        Todos pararam onde estavam; mudos. Liz atirando era o fim do mundo. Ela nunca tocava em armas, nem sabia atirar.
        — Mas que zona é essa?! Alice! – a tia gritou, e a sobrinha olhou-a, com seus olhões azuis saltados.
        Alice era uma mini Marie-Claire. Pele rosada, olhos enormes, cabelo vermelho e preso em Maria-chiquinhas. Tinha cerca de cinco anos e estava assustada com o grito da tia samurai.
        — Que foi, tia? – ela disse, ainda segurando Haroldo com as duas mãos.
        — Devolve o Haroldo, anda! – Liz disse, firme. Alice obedeceu prontamente e saiu correndo da biblioteca, como se fosse procurar algo legal pra aprontar. A brincadeira com Haroldo fora estragada...
        Amanda ficou mais vermelha ainda, abaixou a cabeça e disse:
        — Desculpe, Sra. Lewis. Ela corre muito. Mil perdões mesmo. – ela ia se retirando, envergonhada. Deveria cuidar melhor da pestinha.
        — Amanda, espere aí. – Liz disse, num tom bem mais amigável, e ela parou.
        — Sim?
        — Primeiro, não é culpa sua, nunca foi e nunca será. Nós conhecemos o gênio da Alice, e você vai pro céu só por suportá-la. E segundo, eu quero que vão vocês três a Shallvy.
        Vince olhou a mãe, que ainda estava com a Ruger nas mãos.
        Nick parou um doce beijo em seu dragão-de-comodo.
        Amy deixou o queixo cair.
        — Shallvy, mãe?! Tio Oswald? – Vince disse, assustado.
        — AS GÊMEAS DOIDAS NÃÃÃÃO!!! – Nick gritou, em agonia; parecia que estavam torturando Haroldo, algo assim.
        — Senhora Lewis, eu também?! – Amy não sabia se ria ou se chorava.
        Liz continuou, impassível:
        — Sim, vocês três. Vince, eu quero que vá ver seu tio, estão acontecendo umas coisas estranhas lá. Nick, eu quero que você vá pra se livrar da sua irmã. E Amanda, você já viu o mar?
        Amy corou mais um pouco e encarou os sapatos.
        — Não, senhora...
        — Estão está decidido. – Liz sorriu.
        — Mas Sra. Lewis, a minha mãe, ela... Não vai deixar, nunca. – Amy disse, amuada.
        — Mas é claro que vai! E além disso, são ordens. Você vai, hm.... – Liz pôs um dedo no queixo, pensando. – vigiar esses dois. Acho que eles não se dão muito bem com os parentes meus.
        — Aquelas gêmeas e aquele povo da rosa azul não é parente meu! – Nick disse, apontando um dedo para a tia.
        — Não quero saber, Nicholas. Vão os três antes que o Johnnie arrume algo pra vocês fazerem. – Liz devolveu a arma para o filho e se levantou. Seu vestido azul era perfeito.
        — Mas... – Amanda começou. – quem vai olhar a Alice?
        Liz parou.
        — Ela tem mãe, não tem? Marie-Claire se vire. Ela tem que passar algum tempo com seus filhos. – Liz respondeu e saiu da biblioteca.
        — Ai ai ai ai ai. – Nick começou. – eu sinto que isso não vai prestar. Nunca presta. Da última vez que você foi lá você quase perdeu um braço, Vince! – ele abriu os dois braços; Haroldo pairava em seus ombros.
        Um pedaço do teto caiu em cima de Vincent, e Amy foi correndo acudi-lo.
        — Own, cacete... – Vince tirava as pedras da cabeça, e logo Amy o ajudou.
        — Tá bem? – ela perguntou docemente.
        — Tô sim, Amy. Pedrinhas não me fazem mal. – Vince sorriu.
        — Erhm... – Nick tirou Haroldo dos ombros e o olhou. – melhor arrumar as malas, Haroldinho. – e saiu correndo do recinto, deixando os dois sozinhos.
        Eles pareceram não notar o sumiço de Nick.
        — Apesar das gêmeas e do chato do Icaro, Shallvy é legal, Amy. As praias são lindas mesmo. Vou te levar em umas. Melhor comprar um biquíni. – Vince disse, alegre.
        Amy ficou da cor do cabelo de Vincent ao ser mencionado um biquíni.
        — Não pode ser um maiô não, Vincent? – ela tirou as últimas pedrinhas do cabelo dele.
        — Nããão... Maiôs são para velhas gordas e criancinhas. Se você não comprar um biquíni, eu compro um minúsculo pra você. – Vincent sorriu maliciosamente.
        — O que?! – Amanda se afastou, com as mãos na cintura. – não me lembro de você ser tão pervertido assim, Vince! – exclamou, ainda vermelha.
        — Meu pai, culpa dele. Diz a mãe que ele era um tarado. – Vince abriu um sorriso cínico.
        — Humph! – Amanda bufou e saiu da sala, assim que um homem entrou. Ela parou para o cumprimentar, e ele respondeu educadamente. Depois ele entrou e ela saiu, ainda estarrecida.
        — Hey, Vince!  Como vai? – ele andou até o sofá e se sentou na frente de Vincent, com um cigarro fumaçante na boca.
        — Oi vovô, tudo bem com o senhor? – Vince disse alegremente.
        — Não, Vincent. Vovô não, eu já disse. Ou só vô, ou Abe, ou Abraham, ou tio Abe. Mas vovô não. Qual foi a coisa do biquíni ali? – ele apontou com o polegar enrugado para a porta.
        — Pra um velho acabado, até que você ouve bem, velho Abe. – Vince chegou pra frente.
        — Assim que se conversa, feito homem.  Vamos, me explique isso aí. Não me diga que você come a empregada por aí, vai... – Abraham soltou fumaça pelas narinas, divertido.
        Vincent riu. Seu avô Abraham era hilário, apesar da carranca da idade, as rugas e tudo mais. Ele tinha cabelo curto e espetado, igual o de John, mas mesclado entre cinza, vermelho e branco. Barba cerrada, mesma cor. Uma pesada jaqueta de couro e suas armas. Olhos azuis que já viram absolutamente tudo.
        — Não, Abe, por favor. – Vince levantou um dedo – Por enquanto. – acrescentou.
        — Assim é que se fala, pivete. Honre a raça e me dê meia dúzia de bisnetos, hã? Não faça como seu pai.
        — Mas foi a mãe que não quis mais filhos. – Vincent abaixou os ombros.
        — Ah, é. E não se case com uma samurai dos Lewis. – Abraham soltou mais fumaça. – vocês vão pra Shallvy, não é?  Tomem cuidado, só isso.
        — O que tem lá? – Vince reparou na mudança de tom do avô.
— Não sei, só ouvi boatos. Bestas invocadas. Isso está o inferno. Na minha época nós matávamos gente e não bichos, demônios, invocações de magos. Ah! Nem dá gosto ser mercenário hoje em dia. – ele franziu o cenho. – E tome cuidado com seus primos azuis. Tente não voltar fatiado que nem da outra vez.
Vince riu. Tudo que era relacionado aos Lewis tinha azul no meio.
— Pode deixar. Hoje mesmo dou uma olhada na minha katana. – Até mais, velho. – Vince se levantou, tirando a poeira do teto de suas roupas, e guardando sua arma em seu coldre.
— Até, moleque. – Abraham observou- sair, alegremente.
Depois apagou o cigarro num dos numerosos cinzeiros.
Acendeu outro, pensativo.
“Espero que as coisas não estejam tão feias quanto Liz disse.” ­ – pensou com sua fumaça.



Um comentário:

  1. Uoooou *-*
    Liz é um barato xD

    Pobre Amy...

    Não sei porque, mas tenho a sensação de que essa visita à família não vai prestar u.ú

    Aguardo mais *-*

    Beijooooo

    PS: Recomendei um selo, confere lá no Teorias =P

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