Crônicas de Chumbo #13




THIRTEENTH BULLET

União



Serena se levantou levando as costas da mão à boca, limpando o sangue.
Nicolle apareceu do lado dela, mas não ajudou a irmã a se levantar.
— Hey! Não me deixem aqui, suas doidas! – Nick gritou, indo até elas.
Reily apareceu a certa distância.

— Surpresas? Esconder o fluxo é covardia, eu sei, mas eu preciso acabar rápido. Por favor, entendam…
O homem desapareceu antes de receber um golpe de katana, vindo de Serena.
Ela golpeou o ar a seu lado, e Reily parou a espada com dois dedos.
— Você não vai me ferir com uma espada, menina…
Ainda segurando a lâmina de Serena, ele usou a outra mão para segurar a espada de Nicolle.
— E nem você. – continuou.
— Não precisamos te cortar. – as duas disseram juntas, e liberaram uma descarga elétrica pelas lâminas, atingindo Reily em cheio.
Enquanto ele tremia, Nicholas apareceu com um revólver. Se usasse a Lupara, poderia acertar as garotas, e estava morto.
Atirou duas vezes, para matar.
E de algum modo, Reily evadiu o primeiro tiro, que ia para a cabeça. O segundo atingiu o tórax, errando o coração. Ele gritou, e depois se deslocou pra trás, onde não viu o terceiro tiro, que acertou sua perna de apoio.
Caiu de joelhos, e olhou torto para a torre da igreja.
Deveria ter acertado a cabeça, ruiva…
Dispersou-se olhando-a, e não viu a esfera de energia vir em sua direção. Por reflexo, desapareceu.
— Onde? – Serena perguntou.
— A torre! – Nicolle gritou, e quando eles olharam, viram um corpo caindo do alto.
Um corpo de cabelos ruivos.

•••

— Vince.
Vincent tirou os olhos vidrados do cabelo de Amanda lá dentro. Olhou os olhos cinzentos de Icaro.
— Há dois magos e Amanda lá dentro. Lucas e eu vamos cuidar deles… espera, um está indo embora… não sei, a magia oscila muito. – Icaro o olhou de volta.
— E eu…?
— Você vai atrás de Amanda. – Lucas disse. – Tirá-la daqui é prioridade, entendeu?
— Mas ele tem que morrer. – A voz de Vincent soou profunda.
— Cuide disso depois, estúpido. Ou você quer que ele a mate no primeiro descuido? Você pode ser rápido pra armas, Heisenberg. Mas é lerdo e leigo contra magias. – Icaro cuspiu as palavras com escárnio. Estava cansado disso tudo. E queria irritar Vincent.
O olhar que Vincent lançou disse que a provocação havia funcionado.
Talvez porque não era só uma provocação.
Talvez porque era a verdade.
Lucas Lewis olhou pra frente e viu o homem que capturara Amanda ali perto. Estava de costas. Lucas chegou a tirar seu revolver do coldre, mas Louis Wendell se virou.
— Até quando vocês vão ficar nesse buraco feito ratos, hã? Vamos, saiam!
Lucas arrombou a grade com um ombro e saiu atirando em Louis, que bloqueou todas as balas.
Icaro e Vincent saíram logo depois. Icaro se perguntou onde estava o outro mago além de Louis. Podia sentira sua presença, mas não sabia exatamente onde estava. Parecia estar em todos os lugares… se fosse um pouco mais forte, poderia ver através desse truque.
Mas não era.
Icaro parou de procurar quando viu cinco bestas quadrúpedes entrarem em seu campo de visão. Sacou sua katana, e desapareceu no ar. Surgiu atrás das criaturas, que caíram fatiadas, espalhando sangue negro pelo chão.
Vincent corria para o altar quando as bestas surgiram. Um tiro na cabeça de cada uma delas e em segundos o caminho estava livre.
— Não tão fácil, Heisenberg. – Louis disse, e com um aceno de mão mandou Lucas voando na direção de Icaro. Os dois se chocaram, mas logo se puseram de pé.
— Não tão fácil. – Louis repetiu, dessa vez aparecendo na frente de Vincent.

•••

Nick quase não suportou o peso de Jeny, mas não deixou que ela caísse no chão.
A mulher estava desmaiada, e com um buraco na altura do estômago. Nick fez o possível por ela e se virou para ver as gêmeas.
Nick tinha medo delas, e por elas. Medo porque elas eram as magas mais poderosas que já viu, depois de sua avó. Vê-las apanhando era algo inconcebível para ele.
— Haroldo, vigia a tia. Vigiar, não comer, entendeu? – olhou bem o réptil, que parecia entender. De qualquer modo, Haroldo não era acostumado à carne humana.
Depois de deixá-lo no chão, Nicholas viu Nicolle ser atirada longe, e Serena começar um canto de magia. Ele pegou sua arma atirou contra Reily, no intuito de distraí-lo.
O mago parou os pedaços de chumbo com uma barreira e disse, sem olhá-lo:
— Não vai me distrair, estúpido. – cuspiu as palavras, e criou uma lança de luz.
Quando Nick viu os olhos de cristal de Serena saltados, ele percebeu duas coisas:
Ela não podia defender aquele arpão.
E ela não podia parar a conjuração que iniciara.
Quando Reily soltou a lança luminosa, Nick não pensou duas vezes antes de se atirar no caminho dela.
Serena não se sobressaltou e terminou o golpe. O susto de Reily ao ver sua lança transpassar Nick o paralisou o suficiente para que recebesse toda a energia que a maga lançou.
E essa energia causou danos dessa vez.
Assim que viu Reily cair, Serena correu até Nick e tirou-o de lá, levando até onde Nicolle estava de pé, segurando um braço quebrado com a outra mão. Voltava-o para o lugar.
— Nick, Nick! – Serena rasgou as blusas dele a partir do buraco ensanguentado do abdômen.
Tá doendo pra cacete! – ele berrou. – Morfina, mulher, morfinaaaaa!
— Onde está?
Nick apontou um dos bolsos da calça e Serena tirou uma seringa dela. Depois de aplicar a medicação, deu um tapa no rosto dele.
— Por que fez isso, estúpido?
— Eu… sei lá! Sou um idiota mesmo, acho- – ele riu e engasgou com o próprio sangue.
Um bolo se formou na garganta de Serena. A verdade era que ninguém nunca moveu um músculo para defendê-la, nem a irmã. Cresceu pensando que nunca precisaria de proteção, e então…
— Não morra, seu idiota. Não posso pagar dívidas a um morto. – a voz dela soou firme enquanto encarava os olhos brilhantes de Nick.
Ele sorriu, e um filete rubro desceu pelo canto do lábio.
— Eu sou um Heisenberg, é claro que não vou-
Nicolle abriu a boca em espanto. Ela, que era tão sincronizada com a irmã, não previu aquela cena.
Serena realmente estava beijando Nicholas Heisenberg.
— Não morra. – ela disse mais uma vez e se levantou. – Nicolle. – estendeu a mão esquerda.
A irmã deu um sorriso discreto. Deviam ter feito aquilo há mais tempo. Nicolle segurou a mão da irmã.
Os dedos se entrelaçaram.
E as duas se tornaram uma só.


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