Há mais letras aleatórias no texto.
como você consegue ler isso, vai encontrá-las fácil. Guarde junto com as letras da semana passada.
como você consegue ler isso, vai encontrá-las fácil. Guarde junto com as letras da semana passada.
Alexander Rutherford bateu à porta de uma relojoaria
velha que conhecia há quinze anos.
Percebeu
que ninguém atendeu, o que era raro, porém plausível atualmente. A cortina da
vitrine estava fechada. Bateu mais uma vez, insistente.
E
mais uma vez, nada.
—
Chris, eu sei que você está aí, é o Rutherford! – gritou.
Em
alguns segundos, um pedaço da cortina se moveu, e Rutherford viu um olho
castanho mel. Logo em seguida ouviu barulho de chaves e a porta se abriu.
Christopher
estava destruído demais para alguém que acabara de ser aclamado cientista do
ano. Barbudo e grisalho, com uma camisa velha e surrada. O cabelo estava
crescido e despenteado. Parecia dez anos mais velho do que realmente era.
—
Bom dia, professor. Desculpe. Ontem ninguém me deixou em paz.
—
Suponho. Posso entrar? É melhor manter trancado. – o professor tirou a cartola
e entrou quando Chris abriu a porta e deixou-o entrar.
A
velha loja cheirava a óleo de máquina, ferrugem e mofo. Era um cheiro
interessante e metálico. Melancólico, porém. Havia relógios parados nas paredes
e mostruários empoeirados. Coisas de altíssima qualidade, só que sujas.
Quando
Chris fechou a porta, Rutherford lhe perguntou.
—
Ainda trabalha com relógios? O meu precisa de uma limpeza, sabe. – ele olhou o
homem.
—
Claro. Posso vê-lo? – Chris estendeu a mão, e Rutherford lhe entregou o relógio
de bolso prateado.
—
Você não larga essa velharia mesmo, né? – Chris deu um sorriso cansado e repousou
a peça numa mesa. – Pegue uma cadeira, mas está suja. Tudo está sujo.
—
Isso inclui você. – o professor riu ao pegar uma cadeira empoeirada.
—
Nem tanto. Eu preciso ir num barbeiro, mas acho que não consigo chegar lá em
menos de meio dia. E fica ali na esquina. – Chris pegou sua caixa de
ferramentas minúsculas.
—
A fama parece agridoce.
—
Não entendo suas metáforas, Alex.
—
Você está destruído, e não é a aparência. Posso ver. Está tão mal quanto na
época de Ristevski.
Chris
suspirou.
—
Só é estranho. Isso tudo. Não me acostumei. Falta lubrificação nas engrenagens,
nada mais. Esse aqui tem quinze anos e nunca quebrou, nem acredito que foi o
primeiro que vendi. – ele mudou de assunto.
Rutherford
aceitou a mudança, mas ainda voltaria àquilo.
—
Cuido muito bem dele. Ainda lembro o sorriso que você abriu quando aceitei
comprá-lo. Isso não teve preço.
Chris
sorriu e derramou óleo devagar no pequeno mecanismo, depois fechou, em
silêncio.
—
Suponho que queira ver meu autômato. – Chris entregou-lhe o relógio após fechar
a tampa e acertar as horas.
—
Não faço questão. Quanto foi a manutenção?
—
Nada, Alex. Só de estar aqui já me paga. – ele elevou a voz nas palavras
seguintes: – Luce, faça chá para nós.
Rutherford
ergueu as sobrancelhas.
—
Luce? Finalmente conseguiu uma
namorada? – disse à meia voz.
Chris
riu daquilo.
—
Não. Continuo tão solteiro e abandonado quanto você. Luce é o apelido que dei
para o autômato.
Rutherford
piscou. O boneco de lata fazia chá? Ele
não podia só pegar pequenos objetos?
—
Por que Luce?
—
De Lucifel, lucem fere, Lúcifer,
depende da tradução. – a expressão dele mudou. – Achei conveniente.
—
Não sabia que era religioso. – Alexander tentou não soar incomodado.
—
Não sou. Só fui batizado porque era o registro. Mas a simbologia parece
interessante.
—
Do anjo que se rebelou? – Alex franziu o cenho.
—
Sim. Lá vem ele. – Chris olhou os fundos da loja.
Rutherford
viu quando chegou à luz. Trazia duas canecas fumegantes nas mãos, e seus
movimentos eram muito fluídos e bem coordenados. Perfeito demais. Só a
aparência não era boa. Prateado, sem boca. Esferas de vidro eram os olhos. Braços
e pernas muito finos, como um esqueleto.
—
Aqui está. – A voz que saiu da máquina era quase humana. – espero que gostem.
Rutherford
estava impressionado demais para dizer qualquer coisa.
—
É incrível. – balbuciou algum tempo depois. Pegou seu chá e provou. – e faz chá
melhor que o inventor. – observou, rindo.
—
Obrigado, senhor. – o autômato disse, e se retirou.
—
Acho que entendo seu estado de espírito. Esta máquina é perfeita demais para
este tempo. Nas mãos erradas… – Alex começou.
—
Sim. E não só isso… – Chris pegou seu chá. – Toda ação tem uma reação, todo
desejo, um preço. Desejei ficar rico e famoso, e estou, teoricamente. Mas isso
me custará caro.
Rutherford
olhou Christopher por um longo momento. Imaginou um exército daqueles, de
soldados humanoides sem alma, descartáveis. Milhares deles em uma guerra seria
algo catastrófico. Chris certamente chegou àquela conclusão, mas tarde demais.
Era o amor, a vontade de mostrar o que sabia fazer ao mundo. Era a grande volta
por cima depois do episódio Ristevski.
Entendia-o,
a seu modo.
Mas
deveria freá-lo.
—
Não vou pedir para você me explicar como funcionam porque eu não consigo
entender mecânica. Mas se precisar de qualquer coisa, Chris, me procure. Ainda
moro no mesmo lugar e ainda dou aula na mesma escola. – Rutherford sorriu e
terminou seu chá. – Receio que devo ir. Ainda preciso preparar aulas.
—
Não queria que fosse, mas se precisa tanto… creio que devo aparecer na Academia
ou na sua casa qualquer dia desses. – Chris se levantou e acompanhou o professor
até a saída.
—
Até mais, Chris. Cuide bem de Luce. – Alexander pôs a cartola de novo e saiu.
—
Até mais, Alex. Cuidarei bem dele. Cuidarei.
– ele deu um pesado suspiro e trancou a porta novamente.
●●●
Pyro
estava impressionado pela beleza dos jardins em frente à casa de Archie. Theo e
Liv cumprimentaram cada um dos jardineiros. Pareciam ser amigos há muito tempo.
Havia meia centena de árvores e espécies de flores que Pyro não conhecia, ou
não se lembrava. O céu azul da manhã deixava tudo perfeito, como uma pintura.
A
fachada da casa era impecavelmente branca, e as cortinas ondulavam levemente. Archie
convidou todos a entrar e segui-lo.
—
E Amy? – Liv estava ao lado do anfitrião, com uma bolsa e usando um vestido
rosa.
—
Lá em cima. Vamos passar por ela, e aí ela virá conosco.
—
Você contou a ela sobre a gente? – Lílian questionou.
—
Tive que contar, ela sabe quando eu escondo algo.
—
E ela tem quantos anos? – Pyro percebeu um ou dois tons estranhos na voz de
Lyra, e franziu o cenho. A idade importa em que
para ela?
—
Quase quinze. – Archie não reparou esse tom. Ninguém reparou, só ele. Pyro
franziu o cenho e pensou um pouco. Ela costumava usar aquele tom quando seu pai
elogiava-o por algo.
Percebeu
o que era com uma mudança de expressão. Depois olhou as costas largas de Theo.
Ciúmes.
Pelos deuses, não.
Eles
subiram dois lances de escada e entraram num corredor com pinturas. Havia um
tapete de cor clara no chão, e Pyro se sentiu mal por sujá-lo com suas botas
cheias da lama de Raython. Usava seu robe bordô. Ele era pesado para primavera,
mas não queria usar roupas de Theo pra sempre, e além disso, sentia-se melhor,
mais forte.
Uma
música suave chamou a atenção de Pyro, e ela aumentava de acordo com o avanço
no corredor. Era uma melodia calma e bem ritmada.
—
Ah, está tocando. – Liv cochichou perto de uma porta aberta. – Não vou
interromper.
Lyra
passou direto, e Lílian foi atrás.
Pyro
apareceu na porta e viu uma cascata de ondas louras presas por uma fita cor de
rosa. Tocava um piano de mogno muito bonito com uma leveza singular. Parou para
admirá-la.
—
Vem, depois ela vai lá. – Archie disse baixo para Pyro, que sem desviar os
olhos, agarrou seu braço, parando-o.
—
Qual é o nome dela?
—
Amy. Amaranthe. Diga que fomos para a sala de mapas, ela te levará. – Archie
sorriu e deixou Pyro plantado na porta.
Ela
tocou mais duas notas e começou a cantar.
A
voz dela era suave, e um tanto infantil. Combinava com a canção e as notas do
piano com perfeição. Pyro escutou até ela acabar.
—
É uma bela canção.
Ela
pulou na cadeira de susto, e se virou, a mão no peito.
O
cabelo louro tinha uma franja na testa. Usava um belo vestido mais claro que a
fita do cabelo, de mangas longas, mas leve. Era uma adolescente, mas ainda com
algumas feições infantis. Os olhos eram grandes e azuis como os do irmão.
—
Perdão, eu te assustei. – Pyro sentiu as bochechas esquentarem.
—
Não, sem problemas. – ela andou alguns passos. – Mas, hm, desculpe, mas eu te
conheço?
—
Não. – Pyro se aproximou e fez sua comum reverência com o punho no peito. –
Pyro Watari.
—
Amaranthe Leadengear. Mas use só Amy, por favor. Você… Archie me falou de você,
de seu cabelo. – ela sorriu.
—
Suponho que sim. Viemos ver os mapas, junto com Theo e Liv.
—
Que bom que vieram todos, já faz muito tempo que não vejo a Liv. Na sala dos
mapas, certo? Eu te levo lá, Sr. Watari.
—
Não, não. Só Pyro.
—
De jeito nenhum, você é um príncipe. – as sobrancelhas arquearam.
—
E o que há de mais? Você é uma princesa e eu vou te chamar de Amy.
Ele
viu as bochechas dela avermelharem.
—
Não sou uma princesa, por favor. Venha. – ela lhe tomou o braço e saíram da
sala.
Mas pode se tornar uma
se quiser,
Pyro ousou pensar. Mas disse outra coisa.
—
Claro que é. A princesa dos cantores líricos. Sua voz é muito bela.
—
Só às vezes. Acho infantil demais.
—
Não é. – ele fez uma pausa. – Amaranthe.
Vem da flor de amaranto, não é? A flor que nunca murcha.
—
Isso mesmo. Eu gosto.
—
É um belo nome. E… você não estuda na Aurum?
—
Não… – eles viraram outro corredor. – Meu pai não me queria lá, apesar de que eu
sempre quis ir com Archie, Theo e Liv. Ele diz que a Aurum é só para
engenheiros, não para damas. Então ele me mandou para uma escola de moças no
centro da cidade. – ela disse tristemente.
—
Uma pena. – ele realmente sentia isso.
—
Não gosto de lá. As garotas são chatas, nenhuma é legal como Liv. E o uniforme
é ridículo, e todo mundo é estranho. E eu não tenho aulas legais. Queria ter
aulas de laboratório, ou de mecânica.
—
Gosta disso?
Ela
assentiu com vigor.
—
Mas não espalhe. Meu pai me mata. Ali está. – ela apontou uma sala com porta
dupla.
Chegaram
até a porta e Amy abriu.
—
Chegamos. Tudo bem com vocês? – ela entrou, e depois, Pyro.
Lyra
deu uma longa olhada em Amy e depois no irmão. Ele conhecia aquele olhar
acusativo.
—
Você que é a Amy? – Lyra desceu da
cadeira onde estava ajoelhada e debruçada na mesa. – Lyra Thrower.
—
E eu sou Lílian. – ela saiu de trás da mesa.
—
Vocês são lindas. Sou a Amy sim, e-
Liv
voou no pescoço dela, abraçando-a com força.
—
Aaaaamy! Eu tava com saudades!
—
Eu também! – a voz saiu sufocada.
—
Você vai matar ela, Lavender. – Theo revirou os olhos.
Liv
soltou Amy, que estava vermelha. Ela se recompôs e chegou perto da mesa.
Pyro
parou para reparar a sala. Muitas estantes e rolos de mapas para todo lado.
Materiais de medidas e mesas. Janelas grandes, o chão de madeira. Era um bom
lugar para estudo.
—
Chega pra lá, Lyra. – Pyro se enfiou entre a irmã e Amy. Lyra empurrou Theo que
estava ao seu lado. – e será que dá pra você abaixar esse rabo? A sua bunda
está toda de fora, e eu não tenho que
ver isso. Se quiser dar pro Theo, só avise, não dê escândalo. – ele acrescentou
baixinho.
Lyra
lhe lançou um olhar assassino, mas se ajeitou na cadeira.
—
Seria melhor se tivéssemos uma referência. – Lílian passava os olhos pelas
linhas dos mapas abertos na mesa. – Não conheço nada, nenhum desses países. E
não consigo achar nem Wor, nem Nunddus. E nem o deserto. E o deserto é enorme!
—
Sem querer soar pessimista, mas acho que não vamos encontrar os impérios. –
Pyro disse com cuidado.
Todos
os olhares se voltaram para ele.
—
Bem… – ele bagunçou o cabelo vermelho – pensem um pouco. Cinco impérios com
elfos, dragões e essa coisa toda. Se os outros países e potências tomassem
conhecimento disso, já estaríamos mortos. Os dragões são seres raríssimos, e eu
nem falo do Mithril.
—
Faz sentido… – Lílian ponderou. – esconder nossa existência para nos proteger.
—
Mas isso significa que não dá pra voltarmos sem o tal do orbe! – Lyra explodiu.
—
Então, os mapas da cidade. Ontem nós andamos por essa região toda, e nada. –
Theo arrastou algumas folhas para mais perto.
—
Perguntei a todos os empregados, nenhum encontrou nada. Até Amy ajudou. – Theo
olhou a irmã.
—
Aham. Eu saberia se alguma das meninas na escola achou. Elas não ficam quietas.
E se soubessem de qualquer pessoa que tenha achado, teriam dito também. – Amy observou.
—
Essa cidade parece bem grande… – Lílian pegou o mapa. – Não dá para procurar só
dois dias na semana.
—
Ela tem razão. – Lyra ficou séria. – Dá pra fugir daquela escola?
—
Até que dá, mas… precisamos ter
frequência. Não podemos largar tudo para sair com vocês. – Theo a encarou.
—
Podemos ir sozinhos… não somos tão ingênuos.
—
Mas devemos mostrar a cidade antes, não? – Liv sugeriu. – Ainda é manhã… dá pra
voltar até o almoço.
—
Certo. Vou providenciar o transporte. – Archie saiu da sala.
●●●
Lyra
mal reparou a cidade em si. Ficou preocupada em decorar nomes de ruas e
direções. Lílian levou algum tempo para se acostumar com tanta gente no mesmo
lugar, mas em uma hora ela já sabia sair do centro da cidade e dizer com
exatidão o caminho para chegar à Academia e à casa de Archie.
Não
havia nada muito novo para os três. Só os prédios, as roupas. No mais, era uma
cidade como qualquer outra, com seus contrastes e sujeira.
Eles
andavam pelas margens do rio Ruby, um tanto incomodados com o cheiro.
—
Hey, eu vou ter que tomar uns cinco banhos pra esse cheiro de latrina sair do
meu cabelo! – Lyra trovejou pela vigésima vez.
Pyro
estava absorto numa conversa com Amy, não ouviu. Archie ouvia Liv e também não notou.
Lílian estava muitos metros à frente, então ela olhou pra trás. E lá estava
Theo.
—
Eu só acho que estamos patrocinando passeio romântico desses quatro aí. – ela
apontou.
—
Você está irritada porque ninguém está ligando para os seus ataques de princesinha
mimada, confesse. – ele enterrou as mãos nos bolsos.
—
Ataques? Você nunca me viu tendo um ataque, Theophilo querido. Eu derrubo
nações quando estou com a lua.
Theo
levou um enorme instante para entender o que ela dissera.
—
Imagino.
—
Mas assim… você não está achando estranho o Pyro e a Amy assim não? Quer dizer,
eles se conheceram hoje. – Lyra
embolou o cabelo e deu um nó, fazendo um coque improvisado cheio de fios
soltos.
—
Eles ainda estão se conhecendo. Seu irmão parece bem interessado nela.
—
Não acha estranho? iU
—
Deveria? – ela a olhou.
—
Qual é a sua relação com a Amy? – ela tentou soar desinteressada.
Theo
deu de ombros.
—
Pra mim diferença dela para a Liv é que eu moro com Lavender. Mas por que,
pelos céus você quer saber disso? –
ele fez uma expressão surpresa.
—
Nada. – Lyra deu de ombros e correu até Lílian, que estava parada olhando o
chão.
Ela
olhou na direção de Lyra, e apontou o buraco.
—
Olha, Ly.
—
Que merda é essa?
—
Uma cratera. Elas se formam quando rochas caem do céu de alturas extremas. E
essa é bem recente. – Lílian se abaixou.
Logo
os outros se juntaram.
—
Meteorito? – Archie apontou.
—
Talvez sim… mas pode ser nosso orbe. – Pyro chegou perto. – Caem muitos desses
aqui?
—
Não. Quase nunca. – Liv o olhou.
—
Essa terra foi revirada há… dois, três dias. Recebeu algo do céu e abriu o
buraco. Disso eu tenho certeza.
—
Probabilidade de ser nossa bola? – Lyra cruzou os braços.
—
Muita. – Lílian bateu as mãos uma na outra. – Alguém achou e levou. Se eu
achasse uma esfera de vidro que caiu do céu, o que eu faria?
Eles
responderam em coro.
—
Vendia.
—
Lojas, vamos atrás de lojas de velharia. – Lyra empolgou.
—
Hoje é domingo, estão todas fechadas.
—
Merda. – ela chutou uma pedra. – Mas evoluímos, certo? Pelo menos sabemos onde
a coisa caiu.
—
Não muito. A esfera está em movimento agora, passando de mão em mão, ou então
numa casa, de enfeite, ou até numa loja, como você disse. – Theo consertou os
óculos.
—
Vamos voltar então? Já passou da hora do almoço… – Amy disse, e todos concordaram.
●●●
—
Ficou perfeito, Liv! Muito obrigada! – Amy comentou a se ver no espelho de seu
enorme quarto.
Lyra
se sentia à vontade ali. O cômodo era aproximadamente do mesmo tamanho de seu
quarto em Raython, e era bem decorado. Havia uma cama de dossel e uma coleção
de bonecas.
—
O que vocês acharam? – ela girou no próprio eixo, mostrando o vestido que Liv
fizera.
—
Ficou lindo. Liv costura muito bem, né Lyra?
—
Ahn?
—
Alguém anda longe, hã? – Lílian deu um peteleco na prima. – Ficou perdida lá
embaixo com os garotos, foi?
—
Talvez. – a verdade era não. Estava
pensando em Raython, e no pai. Mas precisava descobrir coisas, e aquela parecia uma boa oportunidade.
As
três olharam Lyra com interesse súbito.
—
Como assim talvez? – Liv não esperava
isso.
Ótimo, agora elas são
minhas.
—
Ué, talvez.
—
Quem? – Lílian perguntou com aquele olhar de quem já sabia e só queria
confirmar que sempre fazia.
—
Quem me sobra? – ela abriu os braços. Simplesmente amava esse tipo de atenção.
—
Theo – Lílian suspirou dolorosamente.
– ele é tão legal, não merece isso.
—
Como assim não merece? – ela
esbravejou. – tudo bem que ele é um idiota, mas é um idiota de ombros largos e
óculos, e sabe que eu curto óculos?
—
Você não estava com aquele elfo, o… – Lílian deitou na cama – ah, esqueci.
—
Não pego elfos há anos, você bebeu?
—
Então é outro…
Lyra
tirou os olhos da prima e eles caíram em Liv.
—
Você realmente tem certeza que está interessada no meu irmão?
—
Na verdade, não. – Lyra foi sincera. Não tinha certeza, mas tinha outras
coisas. Pontadas leves de ciúmes, apreciação excessiva da cor dos olhos. Eram
sinais.
—
Más notícias pra você então. Theo é a coisa mais lerda do mundo, acho que
notou… creio que não vai reparar que você está dando mole até você beijá-lo. –
ela disse calmamente.
—
Vish. – Lyra ergueu uma sobrancelha.
—
Nem tanto, ele anda olhando muito as pernas dela, e eu não vou falar dos
peitos. – Lílian comentou, e elas riram.
—
Com ele eu me viro. Amy, corra. – Lyra disse.
—
Hm?
—
Pyro. Ele é muito romântico, muito lindo, muito galante, muito tudo. E isso vai
te machucar.
As
bochechas dela ficaram vermelhas.
Lyra
se sentiu mal por aquilo, mas era necessário. Amy era nova demais, a primeira
decepção dela não podia ser assim.
—
Mas nós só conversamos.
—
Mas você se interessou… – Lyra sorriu e ela corou mais ainda. – desculpe. Mas é
que nós não vamos ficar aqui pra sempre. Só não quero que você se apaixone, e
depois tenha que se despedir. – ela foi sincera.
—
Concordo. – Lílian disse. – Mas você ainda pode dar uns beijinhos nele, vamos
fingir que não vimos.
Elas
riram de novo.
—
Archie sobrou, coitado.
O
silêncio não seria sepulcral se quem tivesse comentado não fosse a própria
Lavender.
Lyra
olhou Amaranthe, e notou que ela também sabia sobre o amor de Archie por Liv.
Respirou
fundo. Queria resolver isso de uma vez, mas Lílian cortou.
—
Amy, posso ver seus vestidos?
—
Claro! Ela se empolgou e foi ao closet.
●●●
—
Como se diz? Xeque-mate? – Pyro olhou Archie.
—
Exato. – Archie riu.
Theo
balançou a cabeça em negação, ainda olhando o tabuleiro.
—
Como foi que eu perdi pra um cara que aprendeu a jogar agora? E como foi que eu perdi tão rápido? – ele tirou os óculos e limpou-os na blusa. – Desisto.
Vá você agora, Arch. – ele se levantou.
—
É legal. Consigo aplicar estratégias de guerra que aprendi. – Pyro sorriu. –
Consegui decorar as regras também.
Archie
não se sentou na cadeira.
—
Chega de xadrez. Eu quero saber as suas intenções com a minha irmã. – Archie
soou autoritário, o que fez Theo se surpreender.
Pyro
cruzou os braços.
—
Magma tem uma área total de trezentos mil quilômetros quadrados até onde sei. A
economia não é lá grande coisa, mas pode suprir bem seus luxos. Só que ela não
terá título algum, porque não damos títulos para esposas de Imperadores. – ele
disse calmamente.
—
Você não está pensando em levar a Amy embora, está? – Theo sentiu uma nota de medo na voz de Archie.
—
Não. – ele suspirou. – Apesar de que ela seria a esposa perfeita. Ela não pode
ir pra lá, o ar pode matá-la. Mas eu estou com problemas, não posso cortejá-la,
mas não consigo parar de falar coisas doces. – ele apoiou as mãos na nuca.
—
Então cale a boca. – Theo disse banalmente.
—
Não posso ignorá-la. Eu tenho bom senso e não ignoro as moças, ao contrário de
você, Theo. Deu sorte que ainda está vivo, ignorar a Lyra é arriscado.
—
Ela me deu um choque.
—
Podia ser pior, acredite. E já que estamos falando da maldita, eu acho melhor
você parar de olhar as pernas dela.
—
Mas eu não olho as pernas dela!
Pyro
ignorou.
—
Porque ela está interessada em você e meu caro, eu não sei qual pecado você fez
para o seu deus te castigar com isso.
Theo
engoliu seco. Não pela parte do castigo divino. Ela está interessada em mim? A sensação foi totalmente adversa à
que queria sentir.
—
É tão ruim assim? – Archie perguntou, já que Theo estava perdido em
pensamentos.
—
Não sei se repararam, mas Lyra é muito infantil. Tudo é uma brincadeira. Numa
dessas brincadeiras nós viemos parar aqui. E pessoas são os brinquedinhos
preferidos dela. – o tom dele foi sério.
Theo
sentiu que ele não estava brincando. E as atitudes de Lyra também diziam isso.
Mas de algum modo…
—
Vou tomar cuidado, pode deixar.
…
ele não queria acreditar.
—
Mas já que é pra cutucar feridas – Theo continuou – E você, Archibald? Quando é
que vai tomar coragem?
A
pose de irmão mais velho protetor desvaneceu.
—
Sei lá, talvez quando ela perceber que eu estou a fim dela. – ele se jogou na
cadeira tristemente. – e eu acho que nunca vai perceber. O que eu tô fazendo de
errado?
—
Talvez é porque vocês se conhecem há tempo demais. Quantos anos? – Pyro
perguntou.
—
A vida toda. A mãe de Theo foi ama de leite da Amy.
—
Bem, é isso então. Veja só o caso do garanhão aqui – apontou Theo. – já começou
secando as pernas, trocando olhares, tal… agora já tem até conversa de
madrugada com direito a conserto de óculos.
Theo
já começava a achar Pyro tão insuportável quanto a irmã.
— Mas você não. – ele continuou – Vocês
cresceram juntos, aquela coisa toda. Parecem irmãos. Daí, bem, eu acho que se
você não falar pra ela o que sente… ela nunca vai perceber.
—
E se ela não me quiser, hã? Com que cara eu volto a olhá-la?
Aquela
era uma questão. Theo pensava que ela nunca recusaria, mas e se?
—
Você nunca vai saber se não arriscar. – Pyro disse em meio a um sorriso.
●●●
Theo
pegou o jornal para ler – e não ter que olhar Lyra.
A
manhã de segunda-feira estava nascendo, e a agitação estava presente na mesa.
Theo passou a manchete sem dar muita ideia, e foi folheando sem ler.
—
Hey. Theo, me dá esse jornal. – Lyra disse com urgência.
Ele
abaixou as folhas. A expressão dela era séria demais. Essa seriedade fez com
que ele fechasse as páginas e entregasse a ela.
Lyra
virou o jornal, olhando a última página, onde havia uma foto disforme. Era a
seção de coisas bizarras, geralmente nada daquilo era verdade. Theo tentava
distinguir a forma da foto de cabeça pra baixo.
—
Pyro, Lílian. – ela apontou a foto, e a matéria.
As
faces dos dois ficaram duras ao ver e ler.
—
Deuses. Estava perto quando ativamos o orbe. – Lílian pôs as mãos na boca.
Pyro
apoiou os cotovelos na mesa e enterrou o rosto nas mãos.
—
O que é isso? – Theo não conseguiu se conter.
Lyra
apontou a foto, virando o jornal pra ele.
—
Isso, Theo. Chama-se Varsak. E é o dragão da minha avó.
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Então, achou algo estranho?
caso não tenha encontrado, volte para o começo do post.
Claro, não esqueça de selecionar tudo.
caso não tenha encontrado, volte para o começo do post.
Claro, não esqueça de selecionar tudo.
E os jogos começaram \õ/
Well, se você está perdido, gafanhoto, a luz está nessa minha journal do DeviantArt. E, claro, nas imagens escondidas.
Well, se você está perdido, gafanhoto, a luz está nessa minha journal do DeviantArt. E, claro, nas imagens escondidas.
Vocês podem baixar o PDF do capítulo aqui: http://goo.gl/fK8l7N
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Lembrando os pdf's tem uma imagem diferente e o primeiro tem a Apresentação :3
até a próxima minha gente.
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