O Orbe de Reidhas, Spin-off #1 | Capítulo XIII








Gente, hoje não tem easter egg. Não procurem xD
to aqui chorando no cantinho porque a caneta do meu tablet parou de funcionar que nem um Medabot :(




Lyra levou quase um minuto inteiro para entender o que Rutherford dissera.
Ela quase chegou a perguntar “que Orbe?”
A voz ficou presa na garganta ao invés de sair em um grito eufórico. O coração começou a bater forte, mas não era de alegria. Era o que? Ia pra casa, finalmente. Mas havia algo estranho nisso…


Olhou sua esquerda, e encontrou os olhos estáticos de Theo.
Então é isso, Lyra.
— É um assunto delicado, e prefiro não falar disso aqui. Desculpem sobressaltá-los assim.
Seu irmão e Lílian também estavam surpresos. Talvez não como ela, mas estavam. Surpresos, mas atordoados, cheios de perguntas. Talvez a principal era “Como ele soube disso?”.
Rutherford pegou sua pasta calmamente.
— Venham, vou só registrar o ponto. Não moro longe, podemos seguir a pé.
Ele saiu e os garotos atrás, em fila, silenciosos. Lyra olhou pra trás quando Theo pegou sua mão, com mais força que o normal. Não queria olhar seus olhos, mas o fez mesmo assim.
Theo sorriu.
— Que foi, hã? – ele soltou sua mão para bagunçar seus cabelos negros.
— Nada. – Lyra mentiu, dando de ombros. Ela sabia que aquele sorriso só escondia as coisas. E a frase seguinte que Theo disse ao seu ouvido só confirmou tudo.
— Nós conversamos depois.
Claro que sim.
Encontraram Liv no pátio, que estranhou as expressões surpresas nas faces de todos eles. Ela abriu um sorriso um tanto forçado quando Archie lhe disse da descoberta do professor.
Ninguém queria se separar, isso era óbvio. Até Lílian, que Lyra julgou estar louca para voltar, parecia atordoada. Eles levariam algum tempo para se acostumar com essa ideia.
E todos os temores de Lyra voltaram juntos, sobre Phyreon, sobre seus pais, e sobre Theo também. Porque o relacionamento com ele foi diferente de tudo que já teve, e ela queria tanto que não fosse. Desejou poder descartá-lo como fez com todos aqueles outros homens e elfos, mas… ele era tão diferente.
Os deuses realmente queriam que ela pagasse todos seus pecados de uma vez – e eles conseguiam.
São deuses, afinal.

●●●

Chris folheava um livro indefinidamente.
Alex lhe disse para não sair da casa, e ele realmente não ia, não por meia hora depois de acordar. Por isso o maldito trancou todas as portas e janelas.
Chris queria esfolá-lo vivo quando ele chegasse. Luce estava solto por aí, fazendo sabe Deus o quê. E se voltou à loja? E se não voltou?
Olhou o relógio de pêndulo, velho, como tudo ali. Três e meia, o professor já deveria ter voltado.
Mal pensou nisso e ouviu a chave girar na fechadura. A maçaneta girou e Chris se levantou.
— Alex, seu filho de uma vadia, por que me trancou aqui, maldito? Eu disse não ia sair e eu não- – Chris se calou ao ver que ele não estava sozinho.
— Chris, deixe os insultos de baixo calão para quando estivermos longe das crianças, por favor. – ele tirou o chapéu e abriu a porta até o canto. – Entrem.
Chris viu meia dúzia de meninos da Aurum entrar, um a um. Uniformes e bolsas, algo bonito de se ver. A primeira garota era bem nova, de cabelo curtinho com cachinhos nas costeletas. Atrás dela, um garoto louro engomado. Depois uma menina de – pelos infernos – maria-chiquinha branca. Era uma moça, de seios fartos e firmes, sem rugas e olhos verdes encantadores, mas cabelo branco feito neve. Depois dela veio – que mundo pequeno – aquele garoto de cabelo tingido de vermelho vivo, que veio atrás dele quando levou Luce à academia, um mês atrás. E depois, um garoto alto e parrudo, de postura irregular e óculos, veio arrastando uma moça linda pela mão. Não havia outro adjetivo pra ela senão linda. Talvez perfeita.
Chris nunca viu um exemplar da combinação cabelo preto e olhos azuis, e estava encantado por aquele em especial.
Christopher, você não tem vinte anos, comporte-se. E aquele de óculos parece ser namorado dela. Um sujeito sortudo, creio.
— Sentem-se, mas acho que não vai caber todo mundo… – Alexander deixou sua maleta em algum lugar e os garotos foram se acomodando, observando-o de esgrelha.
Claro, o maltrapilho Chris que não penteou o cabelo e está com uma bandagem improvisada de toalha de rosto na cabeça, precisando receber pontos, mas que certo professor impediu sua saída pela manhã.
Cárcere privado, acho que é esse o nome que dão…
Sua calça estava manchada de sangue. E vestia uma camisa enorme do professor. Pelo menos a barba ainda estava curta.
Decadência, eles estão lendo isso na minha cara.
— E quem são os garotos? – ele perguntou, em pé. A garota do cabelo branco tomou sua poltrona.
Rutherford pigarreou.
— Theophilo e Lavender Steamwork, – apontou o de óculos e a menina dos cachinhos – Archibald Leadengear, meus alunos da academia – o louro, e Chris se sobressaltou, era mesmo o filho do Leadengear, um pequeno milionário, bem na sua frente – o Príncipe Pyro Watari, do Império de Magma, e as Princesas Lyra Thrower, de Raython, e Lílian Thrower, de Ethernia. – apontou o garoto da tinta, a morena e a do cabelo branco.
Chris quase riu.
— Príncipes?
— Sim, e acho bom você usar os pronomes corretos e se apresentar. – Rutherford o fulminou.
Pronomes? Eu nem sei o que são pronomes.
— Tenho a desonra de ser Christopher Fairmount. Muito prazer em conhecer, hm, príncipes e princesas. – ele tentou não puxar o sarcasmo, mas foi inevitável. Havia um maldito autômato livre lá fora e o que ele estava fazendo ali com meia dúzia de crianças?! E três delas ainda diziam que eram da realeza de alguma monarquia que ele nunca ouviu falar! – Só me desculpem a ignorância, majestades, mas não sei onde ficam seus reinos. Aliás, eu não conheço lugar nenhum que ainda tenha monarquias.
— Sim. – a garota do cabelo branco cruzou as belas pernas. – Não nos ofendemos por não saber, esses lugares ficam a meio mundo daqui. O que me espanta mesmo é o professor saber. – ela o olhou, questionadora.
— Do mesmo jeito que eu sei, Lílian. O livro. – O garoto de óculos disse. Theophilo, isso, Teophi-
— Vendi um relógio pra você no verão passado, menino dos óculos. Sim, era você mesmo. Foi o único que vendi o verão todo, não dá pra esquecer. – Chris cortou.
— Uma boa peça, aliás. Mas continuando aqui…
— Sim, sim, o livro… mais tarde explico como os reconheci, aprendizes. O mais importante aqui é, sem dúvidas, o Orbe de Reidhas.
Chris sentiu um arrepio. Orbe não era uma palavra estranha.
— Onde está? Você disse que achou ele. – A garota morena perfeita trovejou. Sim… parecia um trovão, aquela voz. Decerto era perigosa.
— Isso é com nosso amigo Chis. – Alex bateu nos ombros dele.
— Hein?
— Conte como você achou uma esfera perfeita que caiu do céu há um mês.
— Eu estava na margem do Ruby, a coisa caiu, eu peguei, foi isso.
— É nosso. Bem, é do meu bisavô, mas dane-se.
Chris fitou a moça. Ela disse que o coração de Luce, aquela coisa que lhe deu vida, era dela.
Não era um presente os deuses, afinal.
Ou era? E se ela fosse uma deusa? Era bela como uma. E de boca dura e autoritária, também como uma.
— Senhor Fairmount, nós precisamos do orbe para voltarmos pra casa. – o garoto ruivo se pronunciou. – é o único meio. Então, poderia nos entregá-lo.
— Sim, poderia, claro que poderia. – Chris certamente não deveria tratá-los com sua dose extra de sarcasmo, mas estava tenso e exausto demais para ser bem-educado. – Se ele estivesse comigo, eu dava pra vocês com toda a boa vontade do mundo porque aquilo, caros príncipe e princesas e filho do Leadengear e irmãos Steam-qualquer-coisa, aquilo acabou com a minha vida, que já era uma merda antes de ter caído do céu.
Pronto, se sentia melhor agora.
— Desculpem. Muita coisa aconteceu no último mês. – ele passou a mão pelo cabelo sujo de sangue seco.
— Está sangrando, senhor.
— Sim. Deveria ter levado pontos mas alguém me trancou aqui. – fulminou o professor, e quando voltou para frente, a menina… Lílian, isso, estava de pé.
— Só abaixe um pouco. – ela retirou a toalha de seu ferimento, e olhou com atenção.
Chris franziu o cenho, e notou que nunca viu ninguém com olhos daquela cor. E ele já dormiu com muitas meretrizes de olhos verdes.
Sentiu um comichão estranho e havia luz na mão dela sobre o machucado. Durou só um minuto, mas foi o suficiente para apavorá-lo.
Estava farto de luzes estranhas e coisas sobrenaturais em geral.
— Pronto, senhor. Assustei-te? Pensei que sabia… – ela o olhou com certo pesar.
Chris passou a mão pela ferida e não sentiu dor. A carne estava ali, reconstituída, intacta.
Ele riu.
— Todos os deuses de todas as mitologias resolveram me castigar, não é? Vocês são anjos de Deus ou filhos do Diabo? Comecei a acreditar nessas coisas, sabe.
— Um pouco de cada, diria. Já leu algum livro de fantasia? Magias, feitiços, essas coisas? – Rutherford soou divertido, o que irritou Chris ainda mais.
— Nunca li, eram muito grandes. Mas minha mãe me contava alguma coisa.
— Pois são reais. Magia existe, nos confins da terra, Chris. E é magia que os trouxe aqui, e o que curou seu ferimento. E é isso…
— Que fez aquilo tudo com Luce, eu entendi. Magia. Pensei em tanta coisa pra explicar, mas nunca esbarrei em… magia. – ele crispou os lábios.
— Onde está o maldito orbe, Fairmount? – Aquela deusa perguntou olhando diretamente pra ele.
— Já disse que não sei, menina.
— My lady. – ela cuspiu as palavras.
Chris ergueu as sobrancelhas. Theophilo devia ter problemas com ela, ou era o único que conseguia amansá-la. Talvez a segunda opção. Ela tinha belas coxas firmes.
— Não sei, my lady. Está andando por aí, com a forma de qualquer um.
— Explique. – dessa vez quem exigiu foi o garoto de cabelo vermelho, Wa-qualquer-coisa.
— Não sei se viram nos jornais, eu criei um maldito autômato. Que anda e tudo mais. Aí está, ele só andava porque o tal orbe de vocês está dentro dele. A tal magia o faz andar, viver. Luce, dei esse nome a ele, Luce começou a evoluir e adquirir habilidades sobre-humanas no último mês. E então, por último, conseguiu se multiplicar e pode copiar a forma de qualquer pessoa que vê. Então ontem ele se rebelou contra mim, ou vice-versa, me atingiu na cabeça e desapareceu. – ele terminou o relato.
— Perfeito, pff. – A lady cruzou os braços no peito.
— Um conhaque e umas putas, é só o que eu quero agora, infernos. As coisas só pioram. – Chris massageou as têmporas. – Se me dão licença, meninos. E príncipes. Preciso de um café, na falta de conhaque. – saiu para a cozinha.

— De volta ao início. – Lílian olhou Lyra, que assentiu.
Aquela notícia a deixou um tanto… ela não sabia explicar. Aquilo tirou a urgência, o desespero do seu peito. Ainda ficaria uns dias, ainda… apertou a mão de Theo contra a sua. Ele não disse quase nada o percurso inteiro, pensava o que?
Muitas coisas, seria a resposta certa. Um turbilhão de pensamentos o rondava: o professor e sua descoberta, Lyra, Orbe, de volta ao professor, e tudo sempre acabava em Lyra.
Era simples, e ultimamente ele não negava a quem perguntasse, apesar de que só Archie o fez, uma vez.
“Você está apaixonado por ela, né?” – o tom dele foi triste, se lembrava.
“Sim, estou.” – e o seu também foi.
Saber que eles não encontraram orbe algum, céus, ele quase suspirou de alívio, porque ainda não estava preparado para perdê-la. Não, ainda não. Só mais alguns dias, e mais alguns…
E mais alguns.
Foi um erro ter deixado que ela lhe beijasse, mas por que não se sentia arrependido? Sabia bem as consequências, as regras do jogo, e lá estava agora, querendo mudá-las.
Mas você perdeu, Theo.
— Podem vir comigo um instante? Quero mostrar algo a vocês. – o professor estava definitivamente animado, coisa que não entrava na cabeça de Theo de jeito nenhum. Seguiu escada acima, logo atrás do professor, e não ousava soltar a mão fina de Lyra em instante algum.
Durante o percurso ele fez apenas uma pergunta às garotas: qual era a de Raython e qual era a de Ethernia. E ele deu uma bela gargalhada quando elas responderam, e Theo ainda não entendeu por que. Talvez ele tivesse suas suspeitas, e acertou o chute.
O professor chegou numa porta e rodou a chave, depois abriu-a.
O cheiro de pó e mofo chegou ao seu nariz, forte como nunca. Teve vontade de espirrar, e Liv o fez antes. Ela era um tanto alérgica, não podia ficar ali.
— Só perdoem o pó. Não limpo muito, quando entro aqui… eu me perco.
Rutherford abriu as janelas, e Theo viu coisas interessantes.
E familiares.
— Hey! Isso é Raython! – Lyra resmungou e soltou sua mão para ver um mapa. – Tem o Lux. Mas está errado, a Terceira Vihrëa foi destruída pelos, hm – ela hesitou – Hírnök. – disse baixinho.
Theo nunca ouviu falar de Hírnök.
— Está um tanto desatualizado, my lady.
— Lyra, professor. Lyra.
— E aqui está o resto dos impérios. – Pyro olhava outro mapa. – O castelo passou pra cá. – ele apontou algum lugar perto de Westerncraft, a capital de Magma. – e fora isso e Vihrëa… ah, Ethernia perdeu essas terras quando meu avô acabou com a guerra, professor. São mapas bem velhos. – ele o olhou.
— Sim, são. Rabiscos velhos, pergaminhos antigos… não são muito confiáveis, sabe. Há mais coisas, algumas velhas canções…
Theo tentava entender por que havia tanta coisa sobre os Impérios ali naquele quarto. Um quadro possuía o início da genealogia dos Thrower. Acabava em Raikou e Elektra, exatamente onde Theo sabia antes de Lyra aparecer.
— Parece que você também se envolveu muito na Lenda de Raython, Professor. – Theo pegou um livro sem poeira numa mesa, era um exemplar da Lenda, igual ao seu, porém mais surrado.
Abriu a primeira página, e seus lábios se separaram.
— É o exemplar número um.
Rutherford sorriu.
— Bem, A. L. Vrinford é um nome que eu não uso há anos, é certo, se bem que A. L. é de Alexander Louis, que é meu nome mesmo.
— Você escreveu isso. – Theo não sabia o que sentir.
— Sim, Theo. Eu escrevi isso.
 Definitivamente, não sabia o que sentir.









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aqui eu deveria por o spam do desafio mas to deprimida demais pra isso :<






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